Governo voltará a ter estoques reguladores de café, que serão gerenciados pela Conab. Barracões do antigo IBC eram reivindicados por prefeituras da região
06/06/2009
Edmundo Pacheco
epacheco@odiariomaringa.com.br
Empresas e prefeituras da região que aguardavam a liberação dos depósitos do antigo IBC, podem “tirar o cavalo da chuva”. “O Ministério da Agricultura não vai mais repassar estes barracões para ninguém. Eles serão utilizados novamente na formação de estoques reguladores”. A informação foi dada na última sexta-feira por Francisco Barbosa Lima, responsável pela Divisão de Café do Ministério da Agricultura, em Londrina.
Na prática, isso deve significar uma volta aos bons tempos da cafeicultura, quando o governo, por meio do Instituto Brasileiro do Café (IBC), regulava os preços do mercado interno e externo, garantindo o equilíbrio do mercado.
Lima disse que os depósitos do antigo IBC, que foram esvaziados nos últimos anos por meio de leilões, e que vinham sendo alugados a preços simbólicos, serão entregues à Companhia Nacional de Abastecimento e Preços (Conab), que ficará responsável pela formação dos estoques reguladores de café.
A Conab também estava na fila desde 2006, esperando para assumir os últimos armazéns do IBC e transformá-los em depósitos. Como o governo deixou de atuar no mercado de café, desde o governo Collor, a Conab pretendia usar os depósitos para armazenar produtos agrícolas da região, como feijão, farinha, fécula, açúcar, algodão e outros.
Conab surpreendida
O superintendente da Conab no Paraná, Lafaiete Jacomel, foi pego de surpresa pela declaração de Francisco Barbosa Lima. Jacomel disse que tinha conhecimento que o Governo Federal estudava voltar a comprar estoques reguladores de café, mas não acreditava que fosse pra já.
“Pra nós, estes barracões seriam espaços importantes. Não tenho ideia do tamanho exato do barracão de Maringá, mas sei que é muito grande e seria importante para o armazenamento de produtos da região”.
Para a cafeicultura, a notícia foi positiva. Ainda mais numa semana de muito frio, que fez muita gente se lembrar da geada negra, de 34 anos, quando a cafeicultura do Paraná foi dizimada e entrou em declínio, quase desaparecendo. Na semana passada, o governo já havia sinalizado com um incentivo à cafeicultura, quando prometeu trocar a dívida dos cafeicultores, de aproximadamente R$ 1 bilhão, por café.
O Dcaf, departamento do Ministério da Agricultura de cuida do espólio do IBC, ainda tem quatro depósitos de grande porte, no interior do Paraná.
Em Maringá, Apucarana, Jacarezinho e Rolândia. Estes serão os primeiros a receber o novo café, que reiniciará a formação dos estoques reguladores do Governo.
Golpe nos cafeicultores
A extinção do IBC foi mais um duro golpe para o setor cafeeiro que já vinha combalido desde a grande geada de junho 1975. O setor ficou acéfalo, sem um órgão responsável para gerir a política cafeeira interna, administrando produção, armazenamento e consumo – e também gerindo a política externa. Hoje, o Estado, que já foi o maior produtor brasileiro, participa com apenas 5% da produção nacional.
O café é o segundo maior gerador de riquezas do planeta, perdendo apenas para o petróleo. É um mercado gigantesco, que movimenta, anualmente, 91 bilhões de dólares.
O Brasil possui uma área plantada de 2,7 milhões de hectares, com aproximadamente seis bilhões de pés, pouco mais da metade só em Minas Gerais, principal produtor nacional.
O setor é responsável pela geração de sete milhões de empregos diretos e indiretos no país e por uma riqueza anual de 10 bilhões de reais.
Atualmente, o Vietnã é o maior produtor do mundo. O Brasil aparece apenas como 7º colocado, atrás de Índia, Indonésia, Uganda, Costa do Marfim e Camarões, além do próprio Vietnã.