Mas os futuros do arábica caíram ao final do ano, já que uma boa floração nas lavouras brasileiras aumentou as esperanças de que a produção da variedade em 2017 deverá ser forte, mesmo em um ano de ciclo baixo no país.
Os futuros do café estiveram em alta durante boa parte de 2016, impulsionados pelas preocupações a respeito da oferta, em particular no mercado do grãos robusta, que se alimentou de uma rara escassez, o que também influenciou os grãos de arábica de baixa qualidade.
Mas os futuros do arábica caíram ao final do ano, já que uma boa floração nas lavouras brasileiras aumentou as esperanças de que a produção da variedade em 2017 deverá ser forte, mesmo em um ano de ciclo baixo no país.
O café robusta deverá cair mais ainda? Ou os futuros do arábica terão vigor renovado? Os principais comentaristas do mercado expressaram as suas opiniões para o site Agrimoney.
Commerzbank
Não acreditamos que a escassez de café tenha um fim tão precoce. Em 2014/15 e 2015/16 houveram déficits globais de 2,7 milhões de sacas e 3,3 milhões de sacas, respectivamente, o que fez com que os estoques previamente construídos abaixassem. Logo, 2016/17 deverá ser uma terceira temporada que termina em um déficit.
A escassez contínua é resultado, principalmente, de culturas pobres de café robusta em 2016/17. Isso se deve ao número reduzido de colheitas nos principais países produtores de café. No Brasil, uma vez que a floração sofre com um clima seco no principal estado de cultivo, que é o Espírito Santo, as perspectivas para a próxima safra de robusta são, mais uma vez, sombrias.
No caso do café arábica, a safra recorde mais recente do Brasil e a forte produção colombiana, após um período de crise, garantem suprimentos desse grão.
No geral, acreditamos que seja provável que o mercado de café seja equilibrado, na melhor das hipóteses, na próxima temporada. Com a queda dos níveis dos estoques, a escassez tende a continuar. Se o Brasil experimentar uma grave queda cíclica na produção, o saldo poderia, logo, se transformar em outro déficit.
Nessas circunstâncias, a tendência é que o preço do café permaneça alto. Contudo, o mercado pode estar sujeito a uma volatilidade, em função das flutuações das taxas de câmbio. Se o real continuar depreciado em relação ao real ao longo do ano, como é esperado – seja por razões internas ou em resposta ao aumento dos juros norte-americanos – os preços serão, sem dúvida, ajustados de acordo com este movimento.
A expectativa de uma melhor safra de robusta para o Vietnã em 2017/18 deverá, por sua vez, ter o mesmo efeito.
Focus Economics
Os preços do café continuaram a escalada que começaram no início do ano, quebrando o teto de 160 centavos por libra peso.
As condições climáticas desfavoráveis no Brasil e no Vietnã pressionam o volume das safras, que deve ser menor, elevando os preços.
A tendência de alta dos preços, que é consequência da falta de oferta nos países de maior produção e também do aumento de consumo global – especialmente da China, Índia e dos Estados Unidos – deverá persistir durante todo o período previsto.
Sucden Financial
Uma impressionante alta nos contratos do arábica e robusta fez do café um dos maiores artistas do índice de commodities da Bloomberg neste ano. Nós citamos as tendências de demanda como uma das razões para isso, visto que o consumo do grão aumenta cada vez mais.
Do lado da demanda a equação continua a ser forte, enquanto que do lado da oferta a situação continua a ser perturbadora, liderando no mercado uma tendência ascendente de longo prazo.
O mercado de Nova York ficou fortemente sobrevendido. Suspeitamos que uma combinação de longas liquidações junto com os algorítmicos dos comerciantes pode ter motivado esses movimentos exagerados.
Vemos alguma estabilidade em torno de 140 centavos por libra-peso, mas poderíamos ver os futuros de volta para 150-160 centavos por libra-peso.
A perspectiva fundamental permanece inalterada desde novembro, uma vez que a forte demanda que apoiou o mercado ao longo de 2016 deverá continuar no próximo ano.
Do lado da oferta, suspeitamos que um aumento na produção irá afrouxar a tensão no mercado e, à medida que avançamos em 2017, os preços se atenuem na segunda metade do ano.
Rabobank
Depois de três déficits consecutivos em 2014-15, 2015-16 e 2016-17, calculamos um quarto déficit consecutivo de sacos de 2 milhões de sacas no mercado do café em 2017-18.
Estes quatro déficits consecutivos no mercado de café corresponderiam a quase 10 milhões de sacas, que iria suprimir a maioria das 12,6 milhões de sacas dos estoques construídos durante os anos de alta produção de 2012-13 e 2013-14.
Esperamos um forte aumento na produção de café [arabica] lavado em 2016-17. Considerando uma forte recuperação no Peru, para 4,7 milhões de sacas em 2016-17 e pequenos aumentos na produção na Colômbia, Honduras, México e Nicarágua, acreditamos que o arabica no Brasil aumente 1,7 milhões sacas ano a ano.
No robusta, as perspectivas de uma recuperação na produção brasileira em 2017 são escassas, e descartamos uma recuperação total no Espírito Santo.
Sob essas premissas vemos uma grande redução na participação do robusta nos países não produtores, que diminuiu de 35,6% em 2015-16 para 35,1% em 2016-17 e esperamos que caia para 34% em 2017-18.
Para que a participação do robusta em países não produtores não diminua dessa maneira, precisaremos ver um estreitamento [entre preços do arábica e robusta], que é o que esperamos, dado um forte déficit global de robusta.
Fonte: Agrimoney
Leia a integra no Notícias Agricolas