A preocupação com a disponibilidade de café no mercado internacional fez com que as cotações do grão dessem um salto considerável nesta segunda-feira na ICE Futures US
A preocupação com a disponibilidade de café no mercado internacional fez com que as cotações do grão dessem um salto considerável nesta segunda-feira na ICE Futures US, com os contratos subindo cerca de 4%, sendo que a queda do dólar em relação a outras moedas também estimulou algumas compras de fundos.
No encerramento do dia, o dezembro apresentou alta de 515 pontos, com 146,25 centavos de dólar por libra peso, com a mínima em 141,00 e a máxima em 147,05 centavos por libra, com o março aferindo um ganho final de 525 pontos, com a libra a 146,60 centavos, sendo a máxima em 147,90 e a mínima em 140,65 centavos de dólar. Na Euronext/Liffe, a posição janeiro teve alta de 57 dólares, com 1.377 dólares por tonelada, ao passo que o março apresentou valorização da ordem de 53 dólares, com 1.409 dólares por tonelada.
A sensação bullish (altista) de que a disponibilidade de café é curta dá fundamentos para os ganhos na bolsa, sendo que os fundos entraram comprando e deram um forte suporte para as cotações, segundo apontou o vice-presidente do Price Futures Group, em Chicago, Jack Scoville.
A produção na Colômbia, quarto maior produtor mundial do produto, atrás apenas de Brasil, Vietnã e Indonésia, foi projetada em 8 milhões de sacas, segundo fontes oficiais, ao passo que tipicamente o país tem safras entre 11,5 e 12,5 milhões de sacas. A presença de pragas, um fraco programa de fertilização e problemas climáticos afetaram a produção local. Por outro lado, as safras dos países da América Central, incluindo importantes origens, como Costa Rica, Guatemala e Honduras, estão tendo um atraso forte, o que reduz consideravelmente a disponibilidade de café para compradores do hemisfério norte, em um período em que a demanda começa a crescer.
Já os cafés de alta qualidade do Brasil poderão ser muito mais escassos nesta temporada, devido às intensas chuvas que atingem as zonas produtoras há semanas, em um período de floração e formação de frutos. Além disso, o país executa um programa de compra de café por parte do governo o que, efetivamente, deverá diminuir ainda mais a oferta do produto.
“Nós temos uma variedade de fatores fundamentais no mercado e, além disso, o dólar demonstrou fraqueza. Assim, verificamos um cenário como o de hoje, com preços com forte alta”, observou Tom Mikulski, estrategista sênior de mercado da Lind-Waldock, em Chicago.
O dólar caiu nesta segunda-feira após o diretor do Fed (equivalente ao banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, ter afirmado que não há planos por parte do governo do país em mudar a política monetária. A fraqueza da moeda estimulou as compras especulativas por parte dos fundos, principalmente em mercados de maior risco, como o de commodities. Os traders especuladores aproveitam os momentos de retração do dólar para investir em commodities e outros papéis, na busca de lucros mais sólidos. “O março em Nova Iorque está dentro de um range entre 140,00 e 148,00 centavos por libra peso, mas o mercado pode tentar romper esse nível e testar a resistência de 150,00 centavos”, destacou Mikulski.
As exportações de café do Brasil em dezembro, até o dia 4, somaram 85.924 sacas, contra 215.215 sacas do mesmo período de novembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques de café certificados na bolsa de Nova Iorque tiveram uma queda de 2.099 sacas, indo para 3,191 milhões de sacas.
Os contratos em aberto na bolsa nova-iorquina tiveram uma baixa de 899 lotes, totalizando 114.594.
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 22.888 lotes, sendo que as opções tiveram 5.654 calls e 3.229 puts.
O março na ICE Futures US tem suporte em 140,55-140,50, 140,30, 140,10-140,00, 139,85, 139,70, 139,50, 139,30, 139,10-139,00, 138,85, 139,70 e 139,50 centavos de dólar por libra peso, com a resistência em 147,90-148,00, 148,15, 148,30, 148,50, 148,70, 148,90-149,00 e 149,20 centavos por libra.