.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé
A produção de café robusta cresceu bastante nos últimos 10-15 anos, especialmente pelo aumento da área de cultivo desse tipo de café na Ásia, principalmente no Vietnã. O robusta, hoje, participa com cerca de 40% na safra mundial.
No Brasil, o café robusta, em nosso caso a variedade conillon, também cresceu, ao mesmo tempo em que cresceu o arábica (ver quadro abaixo). Essa expansão do robusta se deu nas zonas quentes, de baixa altitude, no Espírito Santo, no Sul da Bahia e no Vale do Rio Doce em Minas Gerais, enquanto Rondônia até reduziu a sua área.
Agora, com a crise de preços baixos do café, e com o pequeno diferencial de preços entre as diferentes qualidades, em certos momentos com o conillon mais caro do que o arábica de bebida inferior, muitos produtores, das zonas do EspÍrito Santo e de Minas, vem procurando substituir lavouras de arábica por conillon, especialmente nas áreas de altitudes intermediárias, na faixa de 400-700m, onde já se comprovou que podem ir bem as duas espécies de café.
Na adoção do conillon, pesa a vantagem de um menor custo de produção, por influência de fatores como: Boa produtividade e safras constantes a cada ano; maior vigor e rusticidade; menor necessidade nutricional (5 x mais raízes e solos melhores – 70% do NPK); suporta mais o stress hídrico e o ataque de pragas/doenças; não necessita arruar ou esparramar e nem precisa colheita do café do chão; maior rendimento na colheita, pelo menor volume de frutos em relação aos grãos (4,5 scs de 80 litros-medida, rende 1 saca beneficiada); maturação uniforme e maior facilidade no preparo pós-colheita e na qualidade; e preparo simplificado, com secagem mais rápida (7-8 dias de terreiro, por região mais quente e pouca casca, ou cerca de 10-12 hs no secador a 100º C).
Algumas desvantagens do conillon são: a maior necessidade de podas; a menor tolerância a ventos frios; a maior dificuldade na mecanização; e a necessidade de reprodução via vegetativa devido a sua fecundação cruzada e grande variabilidade genética.
Temos visto que é perfeitamente possível, nos aspectos da tecnologia agrícola e na economia, substituir arábica por conillon. Entretanto, a dúvida que fica, em nossas cabeças, é: até quanto mais pode o robusta crescer?
Quadro 1 – Evolução da produção brasileira de café conillon em relação ao arábica – 2003-13