Fabíola Salvador
DA AGÊNCIA ESTADO
Fruticultores orgânicos do Distrito Federal vão se unir para ganhar o mercado externo com embarques de néctares e polpas de frutas para a Europa. A porta de entrada para os produtos industrializados à base de mangas, abacaxis, limões e tangerinas será Portugal, país que tem interesse nesse tipo de compra, afirmou o presidente do Sindicato dos Produtos Orgânicos do Distrito Federal, Joe Valle. “Além de vender no mercado interno, que é o nosso foco, queremos também a segurança da exportação”, afirmou.
Para colocar o projeto em prática, produtores da capital federal investirão de forma conjunta R$ 1 milhão na construção de uma unidade para processamento das frutas. A região do Lago Paranoá, que reúne boa parte da produção orgânica de Brasília, deve abrigar a unidade. A meta, disse o presidente do sindicato, é iniciar os embarques no período de três a cinco anos.
Em Brasília, cerca de 60 produtores rurais dedicam-se às lavouras orgânicas, metade à produção de frutas. Quando esse grupo faz planos para exportar, está de olho num mercado que tem crescido nos últimos anos. Dados do Centro Internacional de Comércio (ITC), ligado à Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad e à Organização Mundial do Comércio (OMC), mostram que a venda de produtos orgânicos movimentou US$ 24 bilhões em 2003 em todo o mundo. O consumo mundial deve crescer entre 30% a 50% por ano.
As exportações brasileiras de produtos orgânicos,, de acordo com a Agência de Promoção de Exportações (Apex), totalizam cerca de US$ 100 milhões anuais, dos quais 80% originários de propriedades de médios produtores. Cerca de 75% da produção nacional são destinados à exportação, principalmente para Europa, Estados Unidos e Japão. Também internamente a demanda por orgânicos está crescendo. De acordo com números do Ministério da Agricultura, o consumo interno cresce mais de 40% ao ano.
Supermercado
“A tendência é incentivar o aumento da produção para abastecer a demanda interna, sem deixar de atender ao mercado externo”, afirmou Valle. “Na prateleira destinada aos orgânicos, o consumidor precisa encontrar o mesmo que encontra num supermercado normal”, completou. O Distrito Federal ganhou recentemente um supermercado orgânico, o primeiro do País. Produtores orgânicos participaram até o último domingo, em Brasília, de encontro para discutir o potencial do segmento.
Durante o encontro, foram oferecidos produtos orgânicos cultivados no Distrito Federal, que vão desde café e frutas até hortaliças. O Distrito Federal não tem tradição em produtos processados com certificação orgânica, como geléias. A instalação da fábrica é o pontapé para o início dessa atividade, prevê Valle.