Frio não afeta produção de café no Triângulo

“Como os impactos são tão baixos, isso não deve afetar nem o preço da saca”, disse o presidente da Expocaccer, Ricardo Bartholo.

Por: por Taffareu Tarcísio | Correio de Uberlândia

 As baixas temperaturas, registradas nos últimos dias, não afetaram a produção cafeeira em cidades da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, entre elas, Monte Carmelo (MG) e Araguari (MG), diferentemente do que ocorreu no Sul de Minas Gerais, onde lavouras foram queimadas devido à queda de geadas. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) solicitou um levantamento nos 23 municípios da Regional Uberlândia para identificar se alguma cultura foi atingida, mas, até o momento, não houve registos.

O diretor da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Coocacer), de Monte Carmelo (MG), Regis Damásio Salles, afirmou que os 108 cooperados da região, que produziram 600 mil sacas de café em 2015, não foram afetados pelas baixas temperaturas recentes. “O que estimamos é um aumento da peneira (grãos que não tiveram bom desenvolvimento), em 10%, na colheita desse ano. Isso pode ser consequência das altas temperaturas”, disse Salles, afirmando que os resultados e a confirmação do motivo da queda na produção ainda estão em estudos.


Produção de café em cidades, como Araguari, não foi queimada devido à queda de temperatura, como ocorreu no Sul de Minas (Foto: Douglas Luzz)

Produção de café em cidades, como Araguari, não foi queimada devido à queda de temperatura, como ocorreu no Sul de Minas (Foto: Douglas Luzz)


A Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expococaccer), de Patrocínio (MG), que, em 2015, recebeu cerca de 1,1 milhão de sacas de café e estima o mesmo volume para esse ano, informou que produtores da região tiveram plantações atingidas pelo frio, mas os danos foram pontuais e não devem atingir 1% da produção regional. “Como os impactos são tão baixos, isso não deve afetar nem o preço da saca”, disse o presidente da Expocaccer, Ricardo Bartholo.


Um cafeicultor que não quis se identificar, de Serra do Salitre (MG), cooperado da Expococaccer, disse ter sido um destes produtores com perdas pontuais. Ele afirmou que parte da sua lavoura foi afetada por geadas que atingiram a região da cidade na última semana. Segundo ele, 30% do cafezal plantado em sua propriedade terá de ser podado.


“Essa colheita vai ser normal, o impacto vai ser na safra de 2017, porque vou fazer a poda das folhas queimadas, que floresceriam para a colheita do ano seguinte”, disse o produtor.


Araguari


A diretora da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Coocacer), de Araguari (MG), Evanete Peres Domingues, disse que os cooperados da região também não tiveram perdas na produção de café ocasionadas pela queda de temperatura recente, mas afirmou que há a estimativa de queda de até 15% na safra desse ano, causada por outros fatores.


“Passamos por um período muito grande sem chuva e com sol muito forte. Por isso, a peneira (grãos que não tiveram bom desenvolvimento) está maior e vamos precisar de mais grãos para compor o kg de café”, disse a produtora, que possui uma lavoura de café de 200 hectares.


Para Evanete Domingues, frio não gerou perda, mas haverá queda na colheita por outros fatores (Foto: Douglas Luzz)

Para Evanete Domingues, frio não gerou perda, mas haverá queda na colheita por outros fatores (Foto: Douglas Luzz)


Outra perspectiva 


Embora os produtores das cooperativas de Araguari (MG) e de Monte Carmelo (MG) estimem uma queda na previsão de colheita deste ano, dados preliminares da Emater, Regional Uberlândia, apontam um volume superior ao de 2015.


Segundo o coordenador técnico estadual da Emater, Ademar Pires, no ano passado, o órgão registrou uma área plantada de café de 36.335 hectares em 12 municípios da região, que produziu uma média de 29,5 sacas por hectares. “Nesse ano (em 2016), estamos com uma área de 39.535 hectares, que, com 50% da área colhida, está rendendo uma média de 33 sacas por hectare”, afirmou.

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