12/04/2013
Comercialização de café fica lenta no Espírito Santo após operação do Ministério Público contra fraude fiscal
Por Carine Ferreira | De São Paulo
O esquema de sonegação fiscal na comercialização de café que começou a ser desarticulado nesta semana com a “Operação Robusta” provocou mudanças nos negócios com o café robusta no Espírito Santo, maior produtor nacional da espécie. A operação foi deflagrada pelos Ministérios Públicos e Secretarias de Fazenda de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Janeiro.
De acordo com boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o mercado de robusta tinha apresentado maior ritmo nos negócios no início desta semana, mas voltou a registrar baixa liquidez depois da “Operação”, na terça-feira. Algumas empresas do segmento teriam saído do mercado e, com o cenário indefinido, vendedores também postergaram negociações.
O presidente do Centro de Comércio de Café do Espírito Santo, Luiz Polese, disse que as empresas envolvidas na fraude tinham posições vendidas para a indústria, mas agora não poderão entregar o café. Como não pagavam o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e obtinham de forma ilegal créditos do tributo, as empresas vendiam o grão cerca de R$ 12 a R$ 15 por saca mais barato. Conforme Polese, as empresas “sérias” também aguardam uma acomodação geral do mercado.
Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), diz que a retração das fábricas é natural diante da busca de informações no mercado, mas ele espera volta à normalidade em poucos dias. Além disso, a colheita do produto do ciclo 2013/14 está atrasada devido às chuvas, segundo Polese. Café novo deverá entrar no mercado no fim deste mês, fator que também impede uma maior comercialização do produto.
Segundo Abner Martins Brito, da Gecafé Corretora, no Espírito Santo as empresas “sérias” estavam fora do mercado porque não conseguiam competir com as “ilegais”. As indústrias não estão aparecendo no mercado, conforme Brito, mas as vendas de produtores para exportadores na sua empresa cresceram 30% ante a semana anterior, muito em função da saída dos “ilegais”. Brito afirma que de 75% a 80% do mercado do grão no Estado estava dominado pela fraude fiscal.