França trata café com status de vinho

1 de junho de 2006 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: Folha de Londrina






Associação ”Conaissance du Café’, fundada em Paris, dedica-se ao conhecimento profundo dos prazeres que o grão pode proporcionar






Devanir Parra

Clima de aconchego e romantismo; no passado cafeterias inspiraram artistas, hoje são pontos de encontro
Paris – Foi por já ter a França uma tradição com gastronomia e vinhos que o desenvolvimento da cafeologia se expandiu por aqui. O termo ainda pouco conhecido tem um significado bem fundamentado: ”A cafeologia é a arte da degustação visual, olfativa e degustativa de cafés finos e raros, vindos de terras-mãe de cultivo” explica Gloria Montenegro Chirouze, ex-embaixatriz da Guatemala na França e presidente da associação ”Conaissance du Café”.

A entidade é dedicada ao conhecimento profundo dos prazeres que o grão pode proporcionar e já fundou a Cafeoteca de Paris, em setembro do ano passado. O misto de loja e centro de degustação fica dentro da Soluna Cafés, na rua do Hotel de Ville, e dá ao público a oportunidade de conhecer esses gostos raros.

A comparação do café com o vinho tem argumentos bem aprofundados como o fato de suas qualidades gustativas serem ligadas às suas origens geográficas. Gloria faz esse trajeto de explicar aos enólogos franceses a importância desta bebida com 5 milhões de plantações no mundo e milhares de trabalhadores dedicados ao cultivo e colheita.

Esse trabalho é desenvolvido desde 2001 e mostra a realidade de mais de 100 milhões de pessoas aos especialistas. Segundo ela, há uma grande injustiça com os produtores, já que a maioria é procedente de países muito pobres. Por isso, recorrem a reuniões mensais de degustação, que acabam com a entrega de diplomas à produtores de países como Índia, Guatemala, Etiópia, entre outros. Essa troca garante um reconhecimento à bebida, mas não é nenhuma novidade quanto à ”legitimidade histórica” do produto.

Data do século 17, durante o reino de Louis 14, a elevação do café ao grau de bebida oficial da corte. Depois disso, já em Paris, em 1686, foi aberto o Café Procope, um lugar que existe até hoje e que passou a ser frequentado por celebridades e conhecedores da bebida e onde a ex-embaixatriz realiza as reuniões com os sommeliers.

Já na Cafeoteca, o trabalho é outro, mas a variedade é igualmente diversa. Fruta, floral, mel, caramelo, chocolate, sabores que, na lúdica apreciação dos entendores, pode elevar ao sonho. Ao todo são 70 países produtores oferecidos lá, desde a Etiópia (berço mundial do café e apontado como um dos melhores do mundo por ser cultivado em lugares altos e por ter um aroma floral intenso, uma boa acidez e um corpo rico), passando pela Guatemala, República Dominicana e obviamente o Brasil com seus produtos de Água Limpa, Minas Gerais.


Ana Clara Garmendia

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