Levantamento foi realizado entre os meses de março e abril.
Polliana Dias / ASCOM Expocaccer
Tendo em vista a forte estiagem e o aumento das temperaturas ocorridas nos meses de janeiro e fevereiro de 2014, a Expocaccer optou por realizar um levantamento da possível perda de safra na Região do Cerrado Mineiro a fim de conhecer profundamente a realidade dos produtores e as possíveis perdas.
Para tal apuração, foi encomendada uma pesquisa que avaliou, aleatoriamente, 102 propriedades nos municípios de Patrocínio, Ibiá, Patos de Minas, Presidente Olegário, São Gotardo, Araguari, Indianópolis, Coromandel, Rio Paranaíba e Serra do Salitre. As visitas para apuração e mensuração dos prejuízos causados pela estiagem ocorreram entre a última semana de março e a primeira quinzena de abril, período em que a maioria das lavouras se encontrava em fase final de granação, cujo resultado aponta uma perda de 9,32%.
A verificação foi realizada pelo técnico em agropecuária e consultor em cafeicultura, Kássio Humberto da Fonseca, juntamente com o corpo técnico da cooperativa.
Metodologia aplicada
De acordo com o consultor, para início dos trabalhos foi montado um cronograma de visitas para cada região, respeitando as suas características de solo e clima para que a amostragem representasse, de forma mais aproximada, a área avaliada.
Fonseca detalha ainda que “as lavouras foram avaliadas sem a interferência dos produtores evitando que assim fossem escolhidos locais onde teriam maior ou menor prejuízo. Contudo, foi aplicado um questionário com perguntas ao produtor com o objetivo de cruzar as informações fornecidas com a verificação feita no campo”.
Resultado apurado
As mais de 100 propriedades avaliadas somaram 10.953,76 hectares de café, possuindo, juntas, quase de 38 milhões pés de café, com média de 10 anos de idade. A produção média das fazendas amostradas, em 2012 foi de 46.75 sacas/hectare, em 2013 de 33 sacas/hectare e em 2014 de 48,66 sacas/hectare, sendo esta uma perspectiva anterior à estiagem.
Foi avaliado ainda que a média de chuva na região alcançou 104,40 milímetros em janeiro, 105,67 milímetros em fevereiro e 158,49 milímetros em março. Avaliou-se ainda que as lavouras mais velhas, com idade acima de 10 anos, possuem maior enraizamento e maior resistência à seca e, por consequência, tiveram perdas menores, mesmo em regiões onde a média de chuvas de janeiro foi abaixo de 50 milímetros e em fevereiro abaixo de 80 milímetros. O consultor ressalta que “as lavouras com uso de fertilizantes orgânicos, em outubro e novembro de 2013, tiveram maior resistência à seca com índice de perda menor”. Foi o caso da Fazenda Congonhas localizada nas proximidades de Serra do Salitre. O gestor da propriedade, Helvécio Batista, considera que a região em que a fazenda está localizada foi mais privilegiada do que outras, recebendo uma maior incidência de chuvas, no entanto ressalta que “o problema foi a granação, pois vai ser um ano de peneira mais baixa e considerando que a perda não foi tão grande, espero que o prejuízo não seja tão significativo”.
A pesquisa também apontou que em uma região específica, justamente onde se encontra a estação meteorológica utilizada como referência do município de Patrocínio, as médias de chuva foram as mais baixas nos meses de janeiro e fevereiro, consequentemente, nesta área, as perdas foram mais representativas, variando entre 20 a 35%. Em contrapartida, em regiões onde as chuvas de outubro a dezembro de 2013 foram normais e as chuvas de janeiro e fevereiro ficaram entre 100 e 200 milímetros, as perdas variaram de 5 a 10%, exceto em situações de lavouras com adubação baixa e atrasada.
O cafeicultor Aírton Gonçalves, proprietário da Fazenda da Barra, localizada na região de Patrocínio que foi mais afetada pela estiagem contabiliza uma quebra de 20% e para driblar os efeitos do aumento da temperatura e da ausência de chuvas, tem investido mais em adubação, contudo, os danos são visíveis. “O histórico de chuvas na minha fazenda comprova o tamanho do problema. Em janeiro e fevereiro de 2012 foram 475 milímetros, em 2013 foram 500 e agora em 2014, nos mesmos meses, foram somente 186 milímetros. A diferença foi grande e justamente no momento em que eu mais precisava de chuva para a granação, ela não veio. Foi falta de chuva com altas temperaturas. Minha perda não tem como ser menor do que 20%, é perda de peso e peneira”, avalia o cafeicultor.
Em áreas irrigadas o estudo indica que as perdas foram menores e que a quantidade de chuvas ocorridas em março forneceu água suficiente para o final do enchimento e começo de maturação dos frutos. “As áreas de sequeiro poderão ainda sofrer com a pouca disponibilidade de água no solo, sendo ainda mais prejudicadas, passando o fruto da fase verde para o seco”, alerta Fonseca.
O relato aponta outro fator de perdas além da estiagem, demonstrando que algumas lavouras tiveram perdas significativas com a broca-do-café, em função da dificuldade do controle da praga pela proibição do uso do Endosulfan e por não haver produto com a mesma eficiência disponível no mercado.
“O resultado final deste levantamento é que a perda média da região causada pela estiagem, somando-se a perda pela broca-do-café, foi de 9,32%. É difícil avaliar a perda do desenvolvimento do fruto, que poderia gerar uma peneira maior numa situação de clima normal”, avalia o consultor.
Para visualização dos dados técnicos das fazendas pesquisadas clique aqui ou acesse: http://expocaccer.com.br/expo/files/boletins/31150514020245.pdf
Forte estiagem provoca perda de mais de 9% na Região do Cerrado Mineiro
Levantamento foi realizado entre os meses de março e abril.
Polliana Dias / ASCOM Expocaccer
Tendo em vista a forte estiagem e o aumento das temperaturas ocorridas nos meses de janeiro e fevereiro de 2014, a Expocaccer optou por realizar um levantamento da possível perda de safra na Região do Cerrado Mineiro a fim de conhecer profundamente a realidade dos produtores e as possíveis perdas.
Para tal apuração, foi encomendada uma pesquisa que avaliou, aleatoriamente, 102 propriedades nos municípios de Patrocínio, Ibiá, Patos de Minas, Presidente Olegário, São Gotardo, Araguari, Indianópolis, Coromandel, Rio Paranaíba e Serra do Salitre. As visitas para apuração e mensuração dos prejuízos causados pela estiagem ocorreram entre a última semana de março e a primeira quinzena de abril, período em que a maioria das lavouras se encontrava em fase final de granação, cujo resultado aponta uma perda de 9,32%.
A verificação foi realizada pelo técnico em agropecuária e consultor em cafeicultura, Kássio Humberto da Fonseca, juntamente com o corpo técnico da cooperativa.
Metodologia aplicada
De acordo com o consultor, para início dos trabalhos foi montado um cronograma de visitas para cada região, respeitando as suas características de solo e clima para que a amostragem representasse, de forma mais aproximada, a área avaliada.
Fonseca detalha ainda que “as lavouras foram avaliadas sem a interferência dos produtores evitando que assim fossem escolhidos locais onde teriam maior ou menor prejuízo. Contudo, foi aplicado um questionário com perguntas ao produtor com o objetivo de cruzar as informações fornecidas com a verificação feita no campo”.
Resultado apurado
As mais de 100 propriedades avaliadas somaram 10.953,76 hectares de café, possuindo, juntas, quase 38 milhões pés de café, com média de 10 anos de idade. A produção média das fazendas amostradas, em 2012 foi de 46.75 sacas/hectare, em 2013 de 33 sacas/hectare e em 2014 de 48,66 sacas/hectare, sendo esta uma perspectiva anterior à estiagem.
Foi avaliado ainda que a média de chuva na região alcançou 104,40 milímetros em janeiro, 105,67 milímetros em fevereiro e 158,49 milímetros em março. Avaliou-se ainda que as lavouras mais velhas, com idade acima de 10 anos, possuem maior enraizamento e maior resistência à seca e, por consequência, tiveram perdas menores, mesmo em regiões onde a média de chuvas de janeiro foi abaixo de 50 milímetros e em fevereiro abaixo de 80 milímetros. O consultor ressalta que “as lavouras com uso de fertilizantes orgânicos, em outubro e novembro de 2013, tiveram maior resistência à seca com índice de perda menor”. Foi o caso da Fazenda Congonhas localizada nas proximidades de Serra do Salitre. O gestor da propriedade, Helvécio Batista, considera que a região em que a fazenda está localizada foi mais privilegiada do que outras, recebendo uma maior incidência de chuvas, no entanto ressalta que “o problema foi a granação, pois vai ser um ano de peneira mais baixa e considerando que a perda não foi tão grande, espero que o prejuízo não seja tão significativo”.
A pesquisa também apontou que em uma região específica, justamente onde se encontra a estação meteorológica utilizada como referência do município de Patrocínio, as médias de chuva foram as mais baixas nos meses de janeiro e fevereiro, consequentemente, nesta área, as perdas foram mais representativas, variando entre 20 a 35%. Em contrapartida, em regiões onde as chuvas de outubro a dezembro de 2013 foram normais e as chuvas de janeiro e fevereiro ficaram entre 100 e 200 milímetros, as perdas variaram de 5 a 10%, exceto em situações de lavouras com adubação baixa e atrasada.
O cafeicultor Aírton Gonçalves, proprietário da Fazenda da Barra, localizada na região de Patrocínio que foi mais afetada pela estiagem contabiliza uma quebra de 20% e para driblar os efeitos do aumento da temperatura e da ausência de chuvas, tem investido mais em adubação, contudo, os danos são visíveis. “O histórico de chuvas na minha fazenda comprova o tamanho do problema. Em janeiro e fevereiro de 2012 foram 475 milímetros, em 2013 foram 500 e agora em 2014, nos mesmos meses, foram somente 186 milímetros. A diferença foi grande e justamente no momento em que eu mais precisava de chuva para a granação, ela não veio. Foi falta de chuva com altas temperaturas. Minha perda não tem como ser menor do que 20%, é perda de peso e peneira”, avalia o cafeicultor.
Em áreas irrigadas o estudo indica que as perdas foram menores e que a quantidade de chuvas ocorridas em março forneceu água suficiente para o final do enchimento e começo de maturação dos frutos. “As áreas de sequeiro poderão ainda sofrer com a pouca disponibilidade de água no solo, sendo ainda mais prejudicadas, passando o fruto da fase verde para o seco”, alerta Fonseca.
O relato aponta outro fator de perdas além da estiagem, demonstrando que algumas lavouras tiveram perdas significativas com a broca-do-café, em função da dificuldade do controle da praga pela proibição do uso do Endosulfan e por não haver produto com a mesma eficiência disponível no mercado.
“O resultado final deste levantamento é que a perda média da região causada pela estiagem, somando-se a perda pela broca-do-café, foi de 9,32%. É difícil avaliar a perda do desenvolvimento do fruto, que poderia gerar uma peneira maior numa situação de clima normal”, avalia o consultor.
Para visualização dos dados técnicos das fazendas pesquisadas clique aqui ou acesse: http://expocaccer.com.br/expo/files/boletins/31150514014902.pdf