por Luciana Yurie
Os preços do arábica permanecem em baixa no mercado brasileiro. O recuo já era esperado pelos agentes de mercado, visto que é período de colheita. Contudo, diferentemente do que ocorreu na safra passada, quando os negócios fluíam com facilidade, neste ano os produtores seguram o café para tentar preços melhores, Essa estratégia só é possível porque o agricultor está capitalizado, graças às boas vendas registradas em 2010.
No mercado futuro, os contratos negociados na Bolsa de Nova York e na BM&FBovespa acompanham a baixa do mercado físico. Além do importante papel desempenhado pela colheita brasileira nesse cenário, a queda é impulsionada pelas preocupações com a dívida nos Estados Unidos e na Europa. Há especulações de que essas crises possam afetar a demanda pela bebida nesses mercados.
O clima favorável no Brasil pressiona as cotações, ao mesmo tempo que fornece boas condições para a obtenção de grãos de qualidade. De acordo com a avaliação dos técnicos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a procura pelo arábica tipo 7 bebida rio segue firme, influenciada pelos altos preços dos cafés de qualidade – empresas de torrefação nacionais estariam substituindo o tipo 6 pelo tipo 7,fazendo blends com o robusta.
A colheita dessa última variedade segue em bom ritmo nas regiões produtoras do Espírito Santo e de Rondônia. Nos dois estados, a safra tem apresentado qualidade superior à do ano passado, principalmente com relação ao tamanho dos grãos. As negociações, de modo geral, seguem firmes, mas o fato de a colheita estar em fase avançada pressiona as cotações.
Entretanto, a redução nos preços do café pode ser facilmente recuperada, por conta da forte demanda para consumo nacional e das exportações. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o cicio 2010/2011, encerrado em 30 de junho, foi o maior da história do produto no país em termos de volume e receita de exportação.
O crescimento na receita cambial foi de 65%, atingindo US$ 7,4 bilhões, se comparada com a da safra anterior, que chegou a US$ 4,5 bilhões. O volume de café embarcado apresentou um aumento de 17%, registrando 34,9 milhões de sacas (foram 29,8 milhões de sacas no período anterior). A expectativa é que em 2011 esses valores alcancem 33 milhões de sacas e US$ 8,6 bilhões de receita.
Por conta dessa forte demanda, a grande safra brasileira não deve resultar em preços baixos, mas sim em cotações sustentadas e bom volume para atender ao mercado mundial.
O relatório do Cecafé mostra que a quantidade exportada no primeiro semestre (16,3 milhões de sacas) teve alta de 13% em relação ao mesmo período de 2010, quando foram embarcados 14,4 milhões de sacas (entre café verde, torrado e moído e solúvel).