05/01/2010
De Brasília
A Fórmula Indy, um dos eventos esportivos de maior sucesso nos Estados Unidos, é uma das armas comerciais incorporadas à estratégia brasileira de aumento das vendas de manufaturados naquele país. O governo do Brasil, desde o ano passado, é um dos patrocinadores das corridas e aproveita para popularizar o uso do etanol e realizar eventos de promoção comercial nas diversas cidades americanas onde são realizadas as corridas.
As vendas obtidas pelas empresas com esses eventos, em 2009, somaram quase US$ 400 milhões, e, neste ano, podem chegar a US$ 1 bilhão, prevê o presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Alessandro Teixeira.
“O mercado americano é muito competitivo, exige escala e não basta fazer ações em Nova York ou Miami”, argumenta Teixeira, ao exibir um mapa dos Estados Unidos para mostrar como as corridas permitem a empresas como a Coteminas, Portobello e Café Bom Dia, chegar a diversos pontos do interior dos EUA. Durante as corridas, o governo brasileiro promove estandes de produtos brasileiros nos supermercados e ações de divulgação com líderes empresariais locais, para ligar a imagem do Brasil a um evento de alta tecnologia.
“O Brasil desperdiça o bom momento, de ótima imagem, que deveria servir para promover a produção brasileira”, concorda o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que defende iniciativas como a da Fórmula Indy. Como outros especialistas, ele vê pouco espaço para recuperação das vendas nos EUA, em plena crise. “Venda de manufaturados é coisa que se começa a preparar um, dois anos antes”, comenta.
Para o gerente de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Indústria, José Frederico Álvares, o Brasil poderá aproveitar a oferta dos EUA, de um acordo-quadro de comércio e investimentos, para avançar em discussões que iniciaram recentemente, de facilitação de comércio. Um exemplo que daria impulso às vendas de medicamentos, alimentos e outros produtos é o acordo de “reconhecimento mútuo” de certificações que a Anvisa negocia com as autoridades sanitárias americanas, menciona Álvares. (SL)