CERCOSPORIOSE TARDIA ATACA NA REGIÃO DE PLANALTO, NA BAHIA
J.B. Matiello Eng Agr Fundação Procafé e Gianno Britto – Eng Agr Consultor em cafeicultura
A cercosporiose é a segunda doença em importância na cafeicultura brasileira, depois da ferrugem. Ela é considerada uma doença secundária, ligada à fraqueza dos cafeeiros. No entanto, em muitas regiões, ela se torna primária, resultando em graves desfolhas das plantas, e, ainda, afeta a granação e provoca queda prematura de frutos.
O período normal de ocorrência da cercosporiose coincide com o período de máxima formação das sementes dentro dos frutos, ou seja, sua granação. Esse período coincide de 80-100 dias pós-florada, ocasião em que o controle químico da cercosporiose deve ser praticado, de forma preventiva. Nesse período também devem ser cuidados os aspectos de suprimento de nutrientes e de água, para que as plantas não sofram stress, real ou induzido, e, assim, fiquem mais susceptíveis à doença. Estas são as características de ocorrência da cercosporiose normal.
Ultimamente, tem crescido a constatação da cercosporiose tardia, a doença que ataca no fim do ciclo produtivo do cafeeiro, de maio a agosto. Aqui os fatores que favorecem a doença são também a fraqueza das plantas, provocada pelo consumo dos nutrientes aplicados anteriormente na adubação ou por falta de chuvas e stress hídrico.
No caso específico das regiões de Planalto e de Chapada, na Bahia, ocorre outro fator que favorece a doença. São chuvas finas de inverno que, por um lado, não chegam a suprir o solo de umidade útil para as plantas, mas, por outro lado favorecem a doença criando condições de alta umidade e temperatura reduzida, adequadas à infecção. Este é um fator pouco conhecido e considerado pelos técnicos, no entanto, as observações em campo tem mostrado sua alta importância na evolução da cercosporiose tardia.
Em consequência, as plantas com cercosporiose tardia apresentam elevada desfolha, mais notada de um lado da linha de cafeeiros e, ainda, muito presente no topo dos cafeeiros, ali com desfolha severa, chegando a causar a morte de ramos laterais. A importância deste ataque tardio está, justamente, no fato da doença derrubar os últimos pares de folhas remanescentes do ramo, aqueles pares mais importantes para evitar a seca dos ramos.
O que fazer, então, para minimizar a cercosporiose tardia. A primeira coisa seria prolongar o ciclo de pulverizações, encaixando uma aplicação mais tardia, em abril-maio, seja com fungicida cúprico seja com uma estrobilurina. A segunda seria ter o cuidado de atrasar um pouco a última adubação nestas regiões de inverno úmido e frio.
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