J.B. Matiello, Iran B. Ferreira e Marcelo Jordão, Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé
Nos espaçamentos atualmente indicados para cafeeiros arábica, a condução das plantas é feita com uma só haste e, neste sistema, a ramagem lateral, que sai, de cima a baixo, do tronco da planta, é muito importante para compor uma copa cilíndrica, que forma a área produtiva. No entanto, nos cafezais adensados, cultivados em zonas montanhosas, ocorre o fechamento entre plantas e o efeito do auto-sombreamento prejudica o desenvolvimento dos ramos da saia, os quais passam a emitir poucas folhas e, consequentemente, quase não produzem frutos. Com o tempo acabam secando.
Uma das alternativas para o manejo de lavouras adensadas seria a de conduzir os cafeeiros com a eliminação gradual dos ramos laterais baixos dos cafeeiros, iniciada a partir do fechamento das plantas, com a finalidade de manter a lavoura mais livre, facilitando os tratos e, especialmente, a colheita com o uso de derriçadeiras costais motorizadas, estas atuando sob a copa alta, operando de baixo pra cima. Neste caso, o pano, bem longo, seria estendido no meio da rua, em duas ruas vizinhas, para recolher o café derriçado.
Como não se conhecia o efeito da desrama da saia, quanto ao crescimento das plantas de café, foi conduzido um ensaio, no ciclo 2012/13, na Fda Experimental de Varginha, Sul de Minas, em cafezal Acaiá, no espaçamento de 2,0 x 0,5 m, com 7 anos de idade e com carga alta. Foram tomadas 4 linhas e nelas aplicadas 2 tratamentos, com e sem desrama. A desrama constou do corte, rente ao tronco, de todos os ramos baixos da planta, aqueles que estavam mais fracos, sem frutificação. Essa desrama foi feita em dez de 2012. Nessa ocasião foi feita a avaliação inicial marcando-se ramos laterais saídos do 4º e 6º nós da haste principal, de cima para baixo, medindo-se seu comprimento. O mesmo foi feito na medição da altura das plantas. Este procedimento foi repetido em 15 plantas de cada tratamento. Esta mesma avaliação foi repetida em maio e dezembro de 2013.
Os resultados das avaliações de comprimento, dos ramos laterais e da altura das plantas, estão colocados na tabela 1. Verificou-se que o acréscimo de crescimento foi maior nos ramos laterais das plantas com desrama, em relação àquelas sem desrama, com diferencial de 9%. No crescimento em altura das plantas o acréscimo foi de 96% favorável às plantas com desrama.
Verificou-se, deste modo, que houve uma compensação no crescimento na parte alta das plantas em função da eliminação dos ramos baixos, sendo pequena nos ramos laterais, mas bem significativa na sua altura. Isto dá uma ideia de que pode haver produtividade até maior nas plantas com eliminação da parte baixa. Novos ensaios estão em execução para maior segurança de resultados, em diferentes condições.
Observou-se, ainda, que a desrama atende a um dos objetivos da poda, que é o de melhorar o ambiente (microclima), facilitando o arejamento dentro do cafezal, para reduzir a incidência e facilitar o controle de pragas e doenças (broca, ferrugem, Phoma) que são favorecidas pela umidade.
A ideia de condução de cafeeiros sempre fechados já foi divulgada no passado. No entanto, o que se está pretendendo agora é uma desrama artificial, para condução dos cafeeiros com maior facilidade de colheita com derriçadeira , porem com tempo limitado, mantendo a planta alta até quando ela esteja com uma boa área de topo produtiva. Quando a haste ficar muito fina e a copa pouco produtiva, seria praticada a recepa baixa, tendo as brotações conduzidas normalmente e a desrama só seria novamente re-iniciada quando do fechamento das plantas.
Alguns produtores que adotaram o sistema de desrama têm obtido bons resultados operacionais, com economia no controle do mato, nas podas, nas pulverizações, na arruação/esparramação e na própria adubação, sem falar no melhor rendimento na colheita.
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