fonte: Cepea

Folha Técnica: Adubação nitrogenada do cafeeiro – Como Calcular?

O nitrogênio é o nutriente requerido em maior escala pelo cafeeiro. Ele é importante tanto no crescimento como na produção das plantas.

J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé e Felipe Santinato e Roberto Santinato  – Eng Agr ex-IBC e S e S cafés

A indicação da adubação nitrogenada em cafezais tem sido baseada nos estudos e pesquisas realizados para avaliar a extração desse e de outros nutrientes, pelas plantas de café. Nesses trabalhos se determina a matéria seca das diferentes partes das plantas e sua composição nutricional. A diferença entre os dados obtidos do peso e análise das plantas, de um ano para o outro, resulta no que a planta extraiu, para sua vegetação e produção de frutos.

As pesquisas sobre extração de nutrientes pelos cafeeiros foram feitas em diferentes épocas e condições de cultivo e constituem uma base segura para a recomendação dos suprimentos nutricionais. Os trabalhos mais antigos foram feitos em São Paulo por Dafert, Malavolta e Catani e os mais recentes por Corrêa et ali e Santinato et ali. Estes dois últimos foram realizados em Minas Gerais, Goiás e Bahia, sendo Goiás e Bahia irrigados via pivô, e todos utilizando Catuaí em espaçamentos mais modernos com 5000 plantas/há. O trabalho de Corrêa foi realizado no Sul de Minas, com as cultivares Mundo e Catuaí, com espaçamentos mais antigos (2500 plantas/há), cultivados em sequeiro.

Nesses trabalhos foi observado que a extração e consequente necessidade nutricional aumenta, para a vegetação, do Catuai para o Mundo Novo e das plantas de sequeiro para as irrigadas. No geral, a extração aumenta com o stand de plantas por ha e principalmente conforme o aumento de produtividade da lavoura, com influência, também, da irrigação e do clima.

Nos gráficos 1 e 2 estão informados os dados de matéria seca e de extração de N nos 2 trabalhos, constando abaixo as condições dos cafeeiros estudados.

Com base nas informações obtidas pela extração de N foram compostas tabelas de necessidade de adubação nitrogenada, conforme consta do manual de recomendações, antes do IBC agora da Fundação Procafé. Essas tabelas, para facilidade do cafeicultor, contêm níveis ideais, para diferentes faixas de produtividades das lavouras. Elas já consideram algo a mais para suprir a falta de aproveitamento dos adubos. No entanto, para cada caso, cabe ao Técnico ou Consultor considerar o índice de eficiência dos adubos aplicados e a disponibilidade existente no solo, isto no caso de outros nutrientes, não do N, pois não se faz análise dele, no solo, no Brasil.

Destaca-se a existência de fatores que favorecem a indicação pela reposição da extração. São eles a disponibilidade de nutrientes de ciclos anteriores, do próprio solo e de resíduos de adubações e a reciclagem de materiais vegetais, dos cafeeiros e do mato. Estudos desse material dos cafeeiros identificaram valores de matéria seca, de folha, galhos e outros resíduos da planta, da ordem de 7-10 toneladas por hectare por ciclo, dependendo do tipo da lavoura. Eles, no processo de decomposição vão liberando N e outros nutrientes para o novo ciclo, de revegetacao e produção. Esses fatores compensam perdas no aproveitamento do nutriente indicado.

Normalmente se utiliza o índice de 6,2 Kg de N para cada saca produzida, o que pode chegar a até 9 kg de N/saca em áreas quentes e irrigadas. Em relação a essa indicação, constante das tabelas atuais, pode-se recomendar ajustes, como um acréscimo relativo à maior vegetação nos cafeeiros irrigados e nesses, quando em altos níveis de produtividade e doses elevadas de adubo, parcelar um pouco mais as doses de adubos.

Por fim, vale destacar que a adubação nitrogenada do cafeeiro deve ser feita de forma equilibrada com os demais nutrientes.

Figura 1. Matéria seca do cafeeiro expressa em kg/há, ao longo de 90 meses de estudo em quatro situações de cultivo de café. Mundo Novo e Catuaí Sequeiro anos 1980’’ (Corrêa et al., 1986); Catuaí Sequeiro e Irrigado anos 2000’’ (Santinato & Santinato, 2019). *Cada curva de extração e composição química do cafeeiro foi construída analisando em média 4000 amostras de tecido vegetal (raízes, tronco, ramos, folhas e frutos).

Figura 2. Extração e Composição Química de Nitrogênio do cafeeiro (Dreno Vegetação), expressa em kg/há, ao longo de 90 meses de estudo em quatro situações de cultivo de café. Mundo Novo e Catuaí Sequeiro anos 1980’’ (Corrêa et al., 1986); Catuaí Sequeiro e Irrigado anos 2000’’ (Santinato & Santinato, 2019).*Cada curva de extração e composição química do cafeeiro foi construída analisando em média 4000 amostras de tecido vegetal (raízes, tronco, ramos, folhas e frutos).

Foto: CaféPoint

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