ECONOMIA
17/03/2009
Cafeicultores querem alongamento de dívidas
Belo Horizonte – Representantes da cafeicultura que se reuniram ontem em uma manifestação contra a crise no setor pretendem insistir nas negociações com o governo federal em torno da conversão da dívida (estimada em R$ 4,2 bilhões) em sacas de café. O protesto, segundo informações da Polícia Militar, reuniu aproximadamente 13 mil pessoas, além de 350 tratores e maquinário agrícola, no centro de Varginha, um dos principais municípios produtores do Sul de Minas.
A proposta dos cafeicultores, que vem sendo discutida nos últimos três meses com a equipe econômica do governo é de que o passivo seja convertido utilizando como referência o valor de R$ 320 por saca, que seriam entregues ao governo ao longo de 20 anos, o que significaria um patamar de 5% por ano.
As estimativas do presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes são de que o volume de café resultante da conversão poderia atingir de 13 milhões a 14 milhões de sacas, que seriam utilizados para recompor os estoques oficiais do governo, que atualmente atingiram os menores níveis da história. ”Nossa reivindicação continua a mesma, a transferência da dívida em produto, além da formulação de uma política de renda para o setor”.
Desde a apresentação da proposta, o governo federal criou um grupo de trabalho para analisar as reivindicações. ”O governo fala que vai fazer e não faz”, disse ele. Ximenes reiterou ainda que os cafeicultores vão manter o pleito para a realização de leilões de opções públicas de venda, que faria parte da política de renda para o setor, com a liberação de R$ 1 bilhão para a comercialização de 3 milhões de sacas, que poderiam ser divididos em três leilões ao longo do ano, sendo que o primeiro poderia ocorrer já no mês de maio.
Para o presidente do CNC, a proposta solucionaria o endividamento do setor, que vem se arrastando desde 1995 com sucessivas renegociações. ”O governo nunca perdeu dinheiro com as opções”, afirmou. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes anunciou a liberação de mais R$ 300 milhões para a capital de giro das cooperativas brasileiras. Em janeiro, o governo já havia liberado R$ 700 milhões e a previsão é de que mais R$ 1 bilhão seja liberado num prazo de 60 dias. ”Esses recursos ainda não chegaram”, afirmou Ximenes.