FMC vai expandir suas operações no Brasil

8 de maio de 2006 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: VALOR ECONÔMICO por Cibelle Bouças

Contrastando com o cenário de retração no setor de agroquímicos, a americana FMC Agricultural Products projeta crescimento este ano e anuncia a instalação de uma fábrica para produzir matérias-primas para defensivos agrícolas no Brasil. De acordo com Antônio Carlos Zem, presidente da FMC para a América Latina, o grupo irá produzir dois ou três princípios ativos a partir do Brasil, para suas unidades em todo o mundo.


Hoje, a FMC tem uma fábrica para formulação de defensivos agrícolas no país, localizada em Uberaba (MG). O grupo é o nono no ranking do setor, e registrou um crescimento de 20% na receita em 2005, alcançando US$ 216 milhões. A divisão brasileira é a maior da FMC no mundo, ultrapassando inclusive a matriz nos EUA. As operações globais de defensivos do grupo movimentam por ano US$ 740 milhões.


O local da unidade e o valor a ser investido no projeto ainda são mantidos em sigilo. A escolha do Brasil, segundo Zem, visa a uma estratégia de longo prazo. “O Brasil será até 2010 o maior produtor mundial de produtos agrícolas. Além disso, o custo para se produzir aqui ainda é menor que em regiões como Europa e Japão.”


Conforme o executivo, que também preside o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), outras empresas desse setor estudam instalar unidades aqui, dado o potencial de expansão do agronegócio. “Mas o custo-Brasil hoje desestimula investimentos”, diz, referindo-se principalmente ao real valorizado sobre o dólar.


Ele afirma que a crise de rentabilidade no setor de grãos e o alto nível de endividamento dos produtores junto às indústrias também preocupam as matrizes das empresas. Conforme o Sindag, a dívida dos produtores junto às indústrias de defensivos está em torno de US$ 2,3 bilhões, em um mercado que em 2005 faturou US$ 4,154 bilhões.


De acordo com a entidade, 30% das dívidas da safra 2004/05 foram prorrogadas. Esse índice deve crescer para até 60% no ciclo 2005/06, devido à crise no setor de grãos. Segundo Zem, da dívida de todo o setor, US$ 1 bilhão vencem entre abril e maio. “Desse total, o mais provável é que 15% sejam pagos e o resto será renegociado, mas as indústrias vão esperar essas negociações para definir suas estratégias.”


Para 2006, o Sindag prevê queda nas vendas do setor próxima a 10%, para US$ 3,6 bilhões, em função das previsões de redução de área e de investimentos no campo.


De acordo com Zem, o volume de dívidas vencidas de produtores junto à FMC cresceu 30% este ano, mas parte delas já foi renegociada. As dívidas dos produtores de soja são de US$ 40 milhões, dos quais 22% foram renegociados.


Para este ano, a FMC prevê um crescimento de 16% na receita com as vendas de defensivos agrícolas, atingindo US$ 250 milhões. Segundo Zem, o aumento será decorrente da maior demanda dos setores de cana-de-açúcar e algodão. A cana vem avançando ano ano, e no caso do algodão a expectativa é de que área de plantio suba de 800 mil para 1 milhão de hectares na safra 2006/07.

A empresa também aposta no lançamento de novos produtos voltados exatamente para essas duas culturas. Juntas, as duas áreas representam 50% das vendas de defensivos da empresa no país. A FMC atua ainda nas áreas de soja, arroz, fumo, milho e frutas.

A companhia americana também está investindo em defensivos genéricos. Por meio de acordo com a italiana Isagro, irá produzir um fungicida genérico contra a ferrugem da soja.


A divisão agrícola da FMC responde por 80% dos negócios da empresa no Brasil. O grupo também atua nas áreas de química fina e aditivos alimentares. Incluindo esses segmentos, a receita chegou a US$ 280 milhões no ano passado no país. No mundo, a FMC registrou receita de cerca de US$ 2,2 bilhões em 2005.

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