fonte: Cepea

Floradas empretecidas com fungos Phoma e Colletotrichum estão em 80% das plantações de café do oeste baianos

Por: A Tarde

Até então distantes dos cafezais baianos, os fungos Phoma e Colletotrichum, há 20 anos nos campos mineiros, atravessaram a fronteira e se instalaram em 80% das plantações da região oeste MIRIAM HERMES

BARREIRAS

A rápida instalação dos fungos Phoma e Colletotrichum nas floradas dos cafeeiros irrigados do Cerrado baiano assustou os produtores da região, que esperam colher, dentro de dois meses, cerca de 41 mil toneladas e café. Preocupados, eles discutiram, na semana passada, em Belo Horizonte (MG), os efeitos negativos da doença, que empretece as flores e mata os embriões dos frutos.

Durante a discussão do assunto, alguns produtores chegaram a apontar a causa como uma possível carência nutricional, mas os técnicos concluíram não haver motivos para alarde e que basta mudar os tratos culturais para conviver com a doença. Na região oeste, são 14.196 hectares irrigados de café arábica, com uma produtividade média de 50 sacas por hectare.

O fungo foi identificado em 80% das lavouras da região, e em algumas com até 60% de perda floral, apesar de plantas bem nutridas. O ataque da doença exigiu ação emergencial da Fundação Bahia, entidade que atua nas pesquisas de café, milho, soja e algodão no Cerrado baiano, a ponto de promover debates em Minas Gerais com fitopatologistas e especialistas em cafeicultura.

O diretor executivo da Fundação BA, Mário Meirelles, explicou que o evento ocorreu em Belo Horizonte pela dificuldade de logística com transporte aéreo para os especialistas. “Também, porque queríamos ouvir técnicos da região, onde a doença existe há 20 anos”, completou.

Meirelles ressalta que o fungo se manifestou devido a condições ambióticas, mas que deve ser comparado, por exemplo, à ferrugem asiática na soja. “Em Minas, é normal a aplicação de fungicidas específicos e existe um programa de tratamento da lavoura”, diz ele, acrescentando: “Nós tínhamos, até então, o privilégio de não enfrentar esta doença.”

O consultor de café irrigado Marcos Antônio Pimenta reconhece que os cafeicultores “têm amargado sérios prejuízos”, sem precisar quanto já se perdeu devido à doença. Para ele, “não é possível tratar o problema de forma isolada, mas, sim, analisando-a com uma visão mais específica”.

Ele explica que, na condição de membro do Conselho Técnico da Fundação BA e responsável pelo setor de doenças, uma das primeiras medidas que tomou foi enviar amostras de ramos infectados para análise em laboratórios de Minas Gerais e São Paulo. “Constatamos que se tratava dos fungos Phoma e Colletotrichum.”

ENCONTRO TÉCNICO – Com 14.196 hectares de café arábica, a região do oeste, que já chegou a ter uma produtividade média de 55 sacas por hectare, estima para a safra deste ano uma média de 50 sacas por hectare, chegando à colheita de 41.055 toneladas. Diferente das demais culturas – milho, soja e algodão, que tiveram perdas nesta safra em decorrência da estiagem – o café, todo irrigado na região, contabiliza perdas com pragas e doenças.

Desde que o café começou a ser cultivado no Cerrado da Bahia, existiu a preocupação com a pesquisa, sendo criado, pelos cafeicultores afiliados à Associação dos Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba), o primeiro núcleo de experimentações. Na última safra, todo o núcleo passou para a Fundação BA, que acompanhou, com a Embrapa Cerrados, nove campos nesta safra.

O 6º Encontro Técnico da Cafeicultura Irrigada (de 18 a 20 de abril, em Barreiras) vai avaliar doenças na florada, fertilidade do solo, irrigação e manejo e os resultados das pesquisas com a cultura na região do Cerrado baiano. Este ano, pela primeira vez, o evento será encerrado com um dia de campo, onde serão apresentados in loco os ganhos conseqüentes da florada induzida pelo estresse hídrico.

Dentre as experiências em andamento na região, a Universidade Federal de Viçosa (MG) está testando tecnologia que regula a umidade do solo, informando ao produtor sobre a quantidade de água necessária para suprir as necessidades da planta. Com este sistema de monitoramento, do qual já existem vários modelos, há possibilidade de economia de água e eletricidade, permitindo à planta um desenvolvimento uniforme.

A cafeicultura irrigada em pivô central no Brasil tem menos de duas décadas, o que justifica que sua pesquisa também seja nova e esteja voltada para o oeste baiano, onde o café é cultivado sob pivô. Tanto quanto os especialistas brasileiros, a maioria dos 63 cafeicultores da região está engajada no processo.


CURIOSIDADES

# O café é originário da Etiópia (África), mas a propagação foi pela Arábia

# A partir de 1615, começou a ser bebido na Europa

# As primeiras cafeterias na Europa surgiram no século XVII

# No Brasil, a primeira muda de café chegou a Belém (PA), em 1727

# Na Bahia, a cafeicultura começou em 1970.

# O Estado tem regiões produtoras: Planalto (Chapada Diamantina) e do Cerrado (região oeste), ambas tipo arábica; e litorânea, com predominância do café robusta (variedade Conillon).

Fonte: www.abic.com.br  

Aspectos do fungo Phoma

# Segundo trabalhos publicados por pesquisadores, o fungo Phoma – que causa secamento dos ponteiros – é comum em vários países produtores de café, principalmente nas lavouras situadas em regiões de altitude elevada. Foi constatado na Costa Rica, Colômbia, Guatemala e Brasil, sendo que em certas regiões da Colômbia, com altitudes acima de 1.600 metros, chega a inviabilizar a cafeicultura.

# No Brasil, apareceu pela primeira vez no Espírito Santo, em 1973, onde, inicialmente, os sintomas eram confundidos com deficiência de boro. Atualmente, encontra-se espalhado por todas as regiões produtoras de café.

# Normalmente, o ataque começa pela parte apical do broto terminal e ramos laterais, atingindo somente os tecidos jovens, que podem ser folhas, ramos e frutos. Nas folhas novas, produz manchas circulares de coloração escura e de tamanho variado, podendo chegar a 2 cm de diâmetro. Quando as lesões chegam às bordas das folhas, estas se encurvam, podendo apresentar rachaduras.

# O fungo Phoma pode ocorrer também nos botões florais, flores e frutos no estágio de chumbinho, causando a morte e mumificação desses órgãos atacados. Nos frutos maduros apresentam lesões escuras circulares e deprimidas, como está ocorrendo nos cafezais do Cerrado baiano.

Fonte: Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café.

MATERIA A TARDE: http://www.atarde.com.br/materia.php3?mes=03&ano=2006&id_materia=3131  

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