O café tem lugar cativo no coração e nas refeições de pessoas em todo o mundo. Todo dia, mais de 2,25 bilhões de xícaras são consumidas no globo, de acordo com a Organização Internacional do Café. Este consumo expressivo exigiu uma produção de mais de 8,7 milhões de toneladas em 2013. Um grupo de cientistas do Brasil, Espanha, Estados Unidos e França se dedicou a um empreendimento inédito: sequenciar o genoma da planta de café. A pesquisa foi divulgada no jornal online Science Advances.
O estudo analisou a espécie Coffea canephora ou robusta, que representa 30% da produção mundial. O resultado tem o potencial de reinventar o famoso cafezinho: modificações genéticas podem ajudar a melhorar ainda mais o sabor, o aroma, e a produção da bebida. A contribuição brasileira foi feita pelo projeto Qualicafé, que realiza estudos genéticos com o cafeeiro. Financiado em mais de R$ 1,3 milhão pela Finep, o projeto articulou 30 pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, distribuídos em instituições de todas as partes do País.
As descobertas são essenciais para compreender a evolução dos genes relacionados à cafeína do café, que ao contrário do que se imaginava, não possui um ancestral em comum com a do cacau ou a do chá. A cafeína, citada pelos pesquisadores como a principal amiga química do ser humano, é utilizada pelo cafeeiro para se defender de insetos e potenciais concorrentes. Para chegar a estas conclusões, estudiosos da Universidade de Barcelona (BadiRate) desenvolveram um software capaz de identificar quais genes se duplicam de forma recorrente em um genoma específico.
O papel do Brasil
O Brasil tem um papel essencial no mercado do café. Somos os maiores exportadores, responsáveis por 30% da produção mundial. Em relação ao consumo, garantimos o segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos.