Dados mais fracos da atividade industrial na China e nos Estados Unidos foram seguidos por corte de juros na Europa e na própria China durante a curta semana americana.
O mercado de trabalho estadunidense em junho criou menos postos do que se esperava, entretanto novas esperanças de injeções de liquidez pelo FED e também expectativas de redução de requerimento de reservas bancárias na China fizeram com que os principais índices de bolsas no mundo atingissem o maior nível dos últimos dois meses.
Os índices de commodities tiveram alta ao redor de 1% apesar da firmeza do dólar, liderados pelos grãos.
O café se comportou bem com a sequência de cobertura de fundos que levou os preços em Nova Iorque acima de US$ 180 centavos por libra, nível que origens voltaram a ter maior interesse de venda.
A alta recente do arábica de quase US$ 50 por saca, considerando o pico de US$ 187.10 centavos que o contrato de setembro negociou na quinta-feira, não foi acompanhada pelo robusta em Londres, fazendo com que a arbitragem saísse de US$ 55 centavos para US$ 83 centavos por libra em duas semanas.
Resta saber se há mais gás para a continuação da alta.
Os estoques nos países consumidores mostram sinais de recuperação, mínima é verdade, mas tudo indica que já vimos seus níveis mais baixos no atual ciclo. Exportações altas na Ásia e até recentemente na América Central devem diminuir nos próximos 2 ou 3 meses, justamente quando o volume de Brasil deve voltar a subir.
Curiosamente voltamos a ver que qualitativamente falando há dentre os estoques menor volume de robusta disponível, e um interesse ainda reduzido para os cafés suaves, que como os certificados da ICE tem mostrado há maior volume aparecendo.
O comportamento dos diferenciais nos dá a dica do mesmo, com exceção ao natural fino brasileiro que firmou recentemente em função de uma perda de qualidade em função do clima, cujo volume ainda precisa ser apurado.
Creio que a bolsa de Nova Iorque encontrou um intervalo de negociação que deve ficar entre 170 e 190 centavos, se não houver uma grande mudança do dólar e nem uma piora no cenário macro.
A movimentação do físico no Brasil deve ficar mais franca a partir de agora, infelizmente não com o mercado nos patamares de preço que os produtores gostariam, e merecem, mas ao menos não tão ruim em função da moeda brasileira ter descontado uma pequena parcela.
Uma excelente semana a todos e muito bons negócios.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting