Fertirrigação do cafeeiro: desafio é obter doses ideais de nutrientes e melhores formas de aplicação

22/11/2012


José Venâncio de Resende
 
A fertirrigação tem grande potencialidade para a cafeicultura paulista, com aumento significativo na produtividade do cafeeiro, mas o principal desafio no momento é o de obter as doses ideais de nutrientes para a cultura irrigada, bem como as melhores formas de aplicação. É o que mostram estudos realizados no Polo Nordeste Paulista/APTA Regional, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
 
Desde 2006, o Polo Regional Nordeste Paulista, com sede no município de Mococa, desenvolve estudos em cafeicultura irrigada. Dois projetos de pesquisa em cafeicultura irrigada estão em andamento, com foco na sustentabilidade ambiental.
 
O primeiro deles, coordenado pelo pesquisador Emílio Sakai, do Instituto Agronômico (IAC-APTA), estuda diferentes arranjos populacionais do cafeeiro, com e sem irrigação. Neste experimento, foram utilizadas, em março de 2006, plantas de Coffea arabica L. cultivar Catuaí Amarelo. Já foram avaliadas, anualmente (safras 2007/08 e 2010/11), as produtividades em diferentes tratamentos, a solução do solo e o estado nutricional das plantas e do solo. Em 2011 e este ano, foram realizados estudos do sistema radicular das plantas em diferentes espaçamentos, com e sem irrigação.
 
O outro projeto é um experimento com a cultivar Obatã, iniciado em março deste ano, sob as mesmas condições de solo e clima. O objetivo é avaliar a fertirrigação do cafeeiro, utilizando diferentes doses de nitrogênio parceladas ao longo do ciclo de desenvolvimento. Neste projeto, foi realizada a primeira avaliação de crescimento e desenvolvimento com vistas a apresentar o desenvolvimento das plantas em cada tratamento (medições da altura da planta e do diâmetro do caule). A fertirrigação com diferentes níveis de nitrogênio foi iniciada em setembro último, com parcelamento semanal (38 semanas), ou seja, as fertirrigações vão até junho de 2013, com período de repouso de final de junho a meados de setembro.
 
Gargalos – Os estudos conduzidos no Polo Regional Nordeste Paulista buscam respostas efetivas aos diversos problemas enfrentados pelos cafeicultores irrigantes, dizem os pesquisadores Jane Maria de Carvalho Silveira, Emílio Sakai, Regina Célia de Matos Pires, Eduardo Augusto Agnellos Barbosa e Elisa Aparecida Correia. “Um dos grandes gargalos existentes na cafeicultura irrigada é referente ao fornecimento de nutrientes via água de irrigação, técnica denominada fertirrigação. Se a irrigação já é novidade para grande parte dos produtores de café, a aplicação conjunta de fertilizantes na água de irrigação carece de muitos estudos, principalmente no que diz respeito à definição de doses, épocas de aplicação, distribuição dos elementos no solo, lixiviação de nutrientes e viabilidade econômica da prática.”
 
A fertirrigação, que procura atender as necessidades de nutrição do cafeeiro, pode ser adaptável a diferentes sistemas de irrigação, dizem os pesquisadores. “Contudo, o sistema de irrigação por gotejamento oferece maior flexibilidade à fertirrigação, devido à economia de mão de obra, possibilidade de aplicação de fertilizantes em qualquer fase de desenvolvimento, facilidade na aplicação, parcelamento e controle de nutrientes, alta uniformidade e eficiência de aplicação de água.”
 
Alguns resultados – De maneira geral, os estudos mostram que, no cafeeiro irrigado, houve maior produção de café beneficiado, com produções de 14,2 sacas/hectare; 62,4; 68,8 e 28,1, respectivamente, nos ciclos 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11, quando comparado com o cultivo sem irrigação (produções de 2,2 sacas/hectare; 14,1; 49,3 e 2,2, respectivamente).
 
Nos 4 anos de cultivo, o cafeeiro irrigado produziu em média 43,4 sacas/hactare, enquanto o não irrigado produziu cerca de 17 sacas/hectare. Ou seja, a produção do cafeeiro não irrigado correspondeu a 39% da quantidade do irrigado, considerando a produtividade média de todos os arranjos populacionais.
 
A irrigação promoveu aumento significativo na produtividade do cafeeiro, dizem os autores do artigo “Cafeicultura irrigada na região Nordeste Paulista: oportunidades e desafios”. “Uma consideração que deve ser ressaltada nestes estudos é a segurança para a produção quando se utiliza a irrigação, haja vista que o cafeeiro não irrigado sofreu drasticamente a seca ocorrida no ano 2010, refletindo uma produtividade muito baixa no ciclo 2010/11, ou seja, 2,2 sacas/ha.”
 
Mas os pesquisadores aguardam, nos próximos três anos, “melhores definições de doses e estratégias de fertirrigação do cafeeiro para a região Nordeste Paulista”.
 
Clique aqui para ver a íntegra do artigo.

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