22/01/2014
Toronto – As gigantes mundiais do setor de potássio estão perdendo o controle sobre o mercado, segundo reportagem publicada no jornal canadense “Globe and Mail”. Num sinal de que a indústria está mudando e beneficiando mais o comprador, a russa Uralkali reduziu em 24% seus preços na negociação de um contrato semestral para fornecer 700 mil toneladas do nutriente para a China.
“Este foi um negócio muito bom para os chineses”, disse Michael Levshin, analista da Veritas Investment Research Corp. “É o menor valor que a China paga por potássio em mais de cinco anos.”
Antes, China e Índia tentavam forçar uma redução de preços adiando suas compras. O sucesso dessa estratégia costumava ser limitado, mas o panorama mudou no ano passado, quando a Uralkali encerrou sua parceria com a Bielo-Rússia e pôs fim a um cartel informal no setor.
A parceria entre Uralkali e Bielo-Rússia, conhecida como BPC, e a Canpotex, da América do Norte, controlavam 70% do mercado mundial. Com o fim da BPC, produtores foram forçados a baixar os preços.
Embora o mercado esperasse que a Uralkali conseguisse negociar com os chineses um preço entre US$ 300 e US$ 325 por tonelada, a produtora russa de potássio conseguiu US$ 305/t. A Canpotex, uma joint venture entre a Potash Corp. of Saskatchewan, a Agrium e a Mosaic, deve anunciar seu contrato com os chineses em fevereiro.
“O fim da BPC enfraqueceu os cartéis e aumentou significativamente o poder de barganha da China”, disse Levshin. “Na minha opinião, esse tipo de poder não desaparece facilmente, e qualquer aumento de preços no futuro deve ser lento, na melhor das hipóteses.”
Os preços baixos de potássio e outros nutrientes, combinados com uma demanda enfraquecida, vêm afetando os lucros de produtores. A Agrium, por exemplo, alertou na segunda-feira que o lucro da empresa virá próximo do piso de suas estimativas. Em dezembro, a Potash Corp., uma das maiores produtoras de fertilizantes do mundo, cortou 18% de sua força de trabalho e reduziu a produção.
Uma autoridade russa disse que a Uralkali e a Bielo-Rússia estão mantendo conversações para uma possível retomada da parceria. Mesmo que isso se concretize, não significa que BPC e Canpotex terão o mesmo poder de antes. O potássio não é negociado em mercados públicos, e a formação de preços depende quase exclusivamente dos produtores e seus clientes.
O excesso do nutriente no mercado já está pesando sobre os preços e não há sinais de que haverá demanda suficiente para absorver a produção.
“Há risco de mais um ano sem aumento de demanda”, disse Joel Jackson, analista da BMO Nesbitt Burns. “Mesmo com preços bem menores que os do ano passado, a demanda não vai superar os picos vistos nos últimos sete, oito anos.”
Além disso, companhias que não fazem parte da BPC ou da Canpotex estão desenvolvendo projetos próprios. A australiana BHP Billiton, que fracassou em sua tentativa de comprar a Potash Corp., tem um projeto enorme de potássio em andamento na província canadense de Saskatchewan. A K+S, da Europa, também possui um projeto na mesma província. Fonte: Dow Jones Newswires.
Fonte: Agência Estado