SAFRAS (30) – Por um bom tempo, o mercado mundial não deverá ver um novo
caso de explosão de produção de café como ocorreu com o Vietnã recentemente. É o
que acredita o consultor da P&A Marketing Internacional, Carlos Brando. Ele foi
palestrante na Fenicafé 2006, que ocorre de 29 a 31 de março em Araguari, no
cerrado de Minas Gerais.
Ele apresentou uma avaliação dos principais concorrentes do Brasil nas
exportações de café. O Centro de Inteligência do Café (CIC), em Belo Horizonte
(MG), entre outros trabalhos, já estuda a evolução das safras nos países
produtores.
Carlos Brando apontou que a Colômbia hoje produz cerca de 12 milhões de
sacas por ano, mas já produziu 18 milhões de sacas. No entanto, hoje a Colômbia
trabalha mais na busca de agregar valor ao seu café. O Peru vem crescendo
bastante em sua cafeicultura. Possui uma produção em torno de 400.000 sacas de
café orgânico por ano, obtendo grandes prêmios para o produto. É um país que vem
melhorando a qualidade do seu café e obtendo maiores receitas.
O consultor, que viaja constantemente para países produtores, conhecendo
suas características e potencialidades, informou que o Vietnã tem potencial para
atingir 20 milhões de sacas, mas os últimos anos mostraram que o país enfrenta
grandes riscos climáticos permanentes. Na América Central, a reação na produção
ainda é lenta. Honduras e Nicarágua ganham espaço, com boas áreas para o café e
custos relativamente baixos. Na África, os conflitos internos são um empecilho
para a produção, mas há potencial. Angola tem um grande potencial produtivo para
robusta e arábica.
A India, para onde Carlos Brando e o secretário de produção e agroenergia do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Linneu Costa Lima,
tem viagem marcada, está tendo uma crescente participação no mercado do solúvel,
que já representa 20%/25% de suas exportações. A India está tendo presença
também crescente no mercado de especiais e é um concorrente direto do Brasil. Há
uma preocupação com o mercado interno indiano, já que o país consome muito
pouco, mas tem um potencial imenso com sua população de mais de um bilhão de
pessoas.
O crescimento do café espresso no mundo é um ponto que o Brasil pode
explorar e buscar espaço à frente dos seus concorrentes, tendo em vista que o
espresso utiliza muito o café arábica natural e o robusta.