FENICAFÉ: STARBUCKS É EXEMPLO DE COMO BRASIL PODE INVESTIR EM LOJAS

30 de março de 2006 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: Por Lessandro Carvalho, de Araguari/MG

SAFRAS (30) – A maior rede de cafeterias do mundo, a americana Starbucks,
talvez seja o melhor exemplo de como a receita que os países produtores de café
fazem com a venda de grãos é pequena perto do que as nações desenvolvidas lucram
com cafés industrializados ou com lojas nas vendas por xícara/doses. A rede de
“lojas” Starbucks teve lucro bruto em 2005 de US$ 3,8 bilhões, o que
representa mais de 30% do que o Brasil teve de receita com as exportações totais
em 2005 (US$ 2,9 bilhões). Esses números impressionantes foram mostrados na
palestra do consultor da P&A Marketing Internacional, Carlos Brando, na Fenicafé
2006, que ocorre de 29 a 31 de março em Araguari, Minas Gerais.


Lojas brasileiras (cafeterias) no exterior podem ser uma importante
ferramenta comercial e de marketing, com o exemplo da americana Starbucks, maior
rede de cafeterias do mundo, devendo ser muito bem observado, lembrou Carlos
Brando. A Starbucks foi fundada em 1971, conta hoje com 10,5 mil lojas no mundo,
número que não pára de crescer, já que são 5 novas lojas abertas por dia. A
Starbucks atende 33 milhões de pessoas por semana, tem um valor hoje de US$ 24
bilhões, faturou US$ 6,4 bilhões em 2005. O lucro bruto foi de US$ 3,8 bilhões.


A Colômbia possui lojas Juan Valdez, como forma de marketing para o seu
café, interno e externo, vendendo o café colombiano. A marca Juan Valdez é
forte, porque traz o sentimento ao consumidor de que está comprando o café na
loja direto do produtor colombiano (Juan Valdez). Não chega a competir com a
Starbucks porque a loja americana vende blends dos mais diversos países,
enquanto a Juan Valdez coloca só o produto colombiano.


Como ressaltou Carlos Brando, hoje o Brasil tem uma loja pioneira da
Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) na província de
Xian, na China, onde não existe ainda a Starbucks. Uma segunda loja virá em
breve. Os planos futuros são ambiciosos, como abrir franquias da loja para que
os cafés do Brasil se disseminem pelo gigante mercado chinês.


Os países produtores de café obtêm uma receita de US$ 9/10 bilhões por ano
com as exportações, enquanto as vendas de café no mundo nos supermercados e
lojas atingem um total de US$ 90 bilhões. Países desenvolvidos compram os cafés
dos países mais pobres e reexportam o produto industrializando, faturando bem
mais que as nações cafeicultoras. A Alemanha, Estados Unidos e Itália reexportam
um total de 12 milhões de sacas ao ano, o que representa a produção inteira da
Colômbia.


Para alcançar receitas maiores, o Brasil deve investir nos cafés especiais,
com a qualidade garantindo a valorização do produto. “É preciso se incentivar a
venda por xícara”, afirmou o consultor Carlos Brando. “O espresso incentiva a
venda por dose”, citou, lembrando que o consumo mundial cresce a uma taxa média
de 1,5% ao ano, enquanto o consumo de espresso especificamente cresce 15% ao
ano. As bebidas prontas para beber são outro nicho importante, porque agrada o
público jovem e agrega valor ao café. Brando disse que a Coca-Cola está lançando
um refrigerante à base de café (extrato líquido do café solúvel). A Pepsi também
tem projetos junto a países centro-americanos no mesmo sentido.


Pesquisas recentes demonstram, como apresentou Brando, que a tendência leva
ao crescimento do consumo de café solúvel, das bebidas prontas e maiores vendas
em lojas de café. Enquanto o produtor consegue hoje R$ 300,00 a saca (no máximo)
por uma saca de café de qualidade, uma saca do torrado e moído alcança R$ 350,00
a R$ 500,00, e uma saca de café nas lojas especializadas que vendem por xícara
pode gerar R$ 6.000 a R$ 8.000. Logo, fica muito claro como o país pode buscar
maiores receitas em vendas de café com maior valor agregado, bem como investir
em lojas de cafés do Brasil no exterior, ou mesmo no mercado interno.


Brando mostrou outro segmento que pode levantar receitas para o café, com
vendas por doses, que são as vendas de máquinas domésticas com filtro. Essas
máquinas utilizam sachês com doses de café, o que aumenta o valor agregado na
comercializam destes cafés. A marca Juan Valdez já possui uma máquina doméstica
deste tipo.

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