SAFRAS (30) – As exportações brasileiras de café torrado e moído, que têm
maior valor agregado, ainda são pequenas, mas estão crescendo. As torrefações
enfrentam muitos obstáculos para chegar ao mercado externo, como a concorrência
com fortes marcas do primeiro mundo e o câmbio com o dólar fraco frente ao real.
Além disso, os consumidores mundiais bebem cafés blendados, mixados de diversas
origens. O Brasil não pode importar e as indústrias não fazem esses blends,
perdendo na concorrência com outros exportadores de torrado e moído. Outro
grande problema é a falta de recursos para marketing. Esses empecilhos aos
embarques de café industrializado no Brasil foram apresentados pelo consultor da
P&A Marketing Internacional, Carlos Brando, em palestra na Fenicafé 2006, que
ocorre de 29 a 31 de março em Araguari, Minas Gerais. O evento é dedicado a
cafeicultura irrigada, mas também dispõe de palestras direcionadas a mercado.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) tem trabalhado junto
com a APEX (Agência de Promoção às Exportações) buscando promover as exportações
de torrado e moído. Pouco a pouco os embarques vão crescendo. Mas existem ainda
muitas dificuldades, e a impossibilidade das torrefações brasileiras comprarem
cafés de outras origens para fazerem seus blends é claramente um ponto negativo
na competitividade.
Carlos Brando reclamou bastante da falta de investimento em marketing para
os cafés do Brasil, o que também barra um melhor crescimento das exportações de
produto industrializado. “Precisamos de mais recursos para marketing”,
enfatizou. Lembrou que em 2006 o marketing para café deverá receber do orçamento
apenas R$ 5,6 milhões, ao invés dos R$ 20 milhões que foram pedidos.