Na Dinamarca, participação na World of Coffee rendeu US$ 24,5 milhões em negócios durante o evento e prognóstico para mais US$ 121,8 mi nos próximos 12 meses
Por BSCA
A participação do Brasil na World of Coffee Europe 2024, encontro anual europeu da comunidade global de cafés especiais, realizado, este ano, em Copenhague, na Dinamarca, de 27 a 29 de junho, pode render um total de US$ 146,320 milhões em negócios, conforme informações passadas pelos 27 empresários nacionais que participaram da feira como ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
O prognóstico vem com base nos 782 contatos comerciais — 463 com novos parceiros — feitos, que renderam US$ 24,518 milhões durante o evento e a projeção para a realização de mais US$ 121,802 milhões em negócios até junho de 2025, quando a feira voltará a ser realizada, em Genebra, na Suíça. Se confirmado, esse valor representará um aumento de 9% sobre os US$ 134,131 milhões apurados com a participação na feira em 2023.
A participação brasileira no principal evento de cafés especiais da Europa se deu em dois estandes. Um reservado para que produtores, exportadores e cooperativas, que integram o projeto “Brazil. The Coffee Nation”, expusessem suas marcas em bancadas individuais. E outro onde foram realizadas sessões de cupping, reuniões de negócios em salas reservadas e a apresentação dos cafés arábica e canéfora de 15 origens produtoras do Brasil com Indicação Geográfica (IG), que foram servidos aos presentes em um brewbar.
Segundo Vinicius Estrela, diretor executivo da BSCA, a inclusão das regiões produtoras com IG nos principais eventos cafeeiros mundiais foi uma novidade que a Associação introduziu no ano passado e que tem o objetivo de fortalecer a imagem do país ao oferecer ao público uma imersão no Brasil, que vai além das experiências sensoriais, descobrindo novas regiões, cultivares, processos de produção, colheita e pós-colheita, além das características típicas de cada origem produtora e a história dos produtores dessas regiões.
“A parceria da BSCA com as regiões que possuem Indicação Geográfica permite que levemos e apresentemos cafés com origem controlada, evidenciemos os atributos do produto especial cultivado no Brasil, destacando a diversidade sensorial e o compromisso com a sustentabilidade. Como o mercado europeu é o maior para o setor de cafés especiais brasileiros, a World of Coffee é o palco perfeito para reforçarmos nosso posicionamento e, mais do que nossa qualidade, também nossas diversidade, sustentabilidade e rastreabilidade”, destaca.
Na edição 2024 da feira europeia, foram apresentados e servidos cafés das origens produtoras com IGs das Denominações de Origem (DO) Café da Canastra (MG), Caparaó (ES e MG), Região do Cerrado Mineiro (MG), Mantiqueira de Minas (MG), Matas de Rondônia Robustas Amazônicos (RO) e Café Montanhas do Espírito Santo (ES); e das Indicações de Procedência (IP) de Alta Mogiana (SP), Campo das Vertentes (MG), Café Conilon do Espírito Santo (ES), Matas de Minas (MG), Norte Pioneiro do Paraná (PR), Oeste da Bahia (BA), Região de Garça (SP), Região de Pinhal (SP) e Sudoeste de Minas (MG).
MISSÃO COMERCIAL PARA MULHERES DO CAFÉ
Dois dias antes da World of Coffee Europe, o projeto “Brazil. The Coffee Nation” realizou uma missão comercial exclusiva para mulheres brasileiras produtoras de café especial, em parceria com a Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil. Em 25 de junho, 11 empresas representadas por elas foram à sede da Embaixada do Brasil em Copenhague, onde acompanharem palestras com foco no mercado europeu, especialmente sobre o cenário nórdico.
Aproveitando a visita à Embaixada, no dia 25, também foram apresentadas iniciativas premiadas em sustentabilidade dos cafés nacionais ao embaixador do Brasil em Copenhague na ocasião do evento, Rodrigo Azeredo, ao corpo diplomático brasileiro e a representantes do Ministério de Meio Ambiente da Dinamarca. Os presentes puderam conhecer iniciativas sustentáveis reconhecidas internacionalmente, como as da SANCOFFEE, que recebeu o prêmio SCA de Sustentabilidade, e da Fazenda Três Meninas, única fazenda finalista no prêmio SCA, além da iniciativa “Gerações”, da cooperativa Cooxupé.
“Apresentar iniciativas premiadas e reconhecidas pelos europeus às autoridades da Dinamarca posiciona o Brasil como uma origem sustentável na produção de cafés especiais. Inclusive, o que mais chamou atenção foi o fato de que todas essas iniciativas começaram a ser implementadas antes do início dos debates sobre o (Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento) EUDR, reforçando o compromisso do setor privado brasileiro com uma cafeicultura sustentável”, enaltece Estrela.
No dia seguinte, as mulheres brasileiras produtoras de café especial visitaram 10 cafeterias locais para que pudessem entender melhor como os cafés especiais do país são vendidos e apresentados na região. A missão foi concluída em 29 de junho, com uma sessão de cupping no estande do Brasil na World of Coffee, quando potenciais compradores internacionais provaram os cafés produzidos e comercializados por elas, em um ambiente propício para a prospecção de negócios.
“Foi um prazer essa união de BSCA, IWCA e ApexBrasil para a realização de um programa exclusivo a nossa trip, que começou com informações superinteressantes recebidas do embaixador do Brasil, que nos trouxe uma visão do mercado europeu nórdico. Na sequência, a ida às cafeterias permitiu que nosso grupo de mulheres conhecesse e entendesse o que é esse mercado em Copenhague, o mercado europeu nórdico”, elogia a diretora de Relações Internacionais da IWCA Brasil, Daniele Alkmin.
A presidente da BSCA, Carmem Lucia “Ucha” Chaves de Brito, comenta o privilégio que as atrações exclusivas trouxeram a essas mulheres que querem exportar seus cafés e fazer negócios.
“Pude acompanhar essas meninas por um tempo e fiquei pensando como seria legal para mim se lá atrás eu tivesse essa oportunidade. Foi incrível esse projeto que garimpou os pequenos, médios e grandes torrefadores locais, as grandes cafeterias, que estão ‘bombando’ em Copenhague. Esses contatos, certamente, geram um diferencial e uma conexão com essas pessoas, que querem comprar os cafés produzidos por essas mulheres, e entre essas meninas que, obviamente, querem vender seus cafés a esses compradores”, diz.
Ucha completa que ações como essa são diferenciadas por permitirem que as mulheres produtoras adquiram conhecimento sobre um mercado específico, passando informações específicas para que possam oferecer os cafés mais adequados a esses clientes. “Essa realidade de mercado recebida da Embaixada e das torrefações e cafeterias deu a elas o entendimento sobre cafés especiais desses países nórdicos, que formam um grande berço ao mercado desse setor”, analisa.
“A gente chega com um pé na frente, com mais capacitação e melhores condições para fazer negócios, que é o nosso intuito. O encontro pessoal e prévio com os donos das torrefações e cafeterias possibilitou que soubéssemos o que eles querem dos cafés produzidos por mulheres do Brasil. A cereja do bolo foi a ida desses empresários, atendendo a nosso convite, para a sessão de cupping no estande do Brasil no evento. Acompanhamos in loco, trocamos informações e realizamos reuniões com eles após a degustação, o que gerou grandes chances de bons negócios, que é o que a gente deseja”, conclui Daniele.
A iniciativa desenvolvida pela BSCA, em parceria com a ApexBrasil e a IWCA Brasil na Dinamarca, deve render US$ 9,677 às mulheres brasileiras produtoras de café especial. As 11 participantes realizaram 301 contatos comerciais, sendo 224 com novos potenciais clientes, que geraram a concretização de US$ 1,245 milhão nos quatro dias de atividades, além da possibilidade de fechamento de mais US$ 8,432 milhões ao longo dos próximos 12 meses.
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