O pesquisador Luiz Carlos Fazuoli, (Camisa vermelha na foto) do Instituto Agronômico de Campinas e um dos idealizadores do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CDP&D/Café), coordenado pela Embrapa e administrado pela Embrapa Café, é o vencedor do Prêmio Fundação Conrado Wessel de Ciência Aplicada ao Campo 2005. O prêmio será entregue no dia 12 de junho próximo, em São Paulo.
Segundo o Gerente-Geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, esta vitória significa mais que um reconhecimento ao brilhante trabalho desenvolvido pelo pesquisador, é um prêmio para a pesquisa cafeeira nacional. Alguns pontos reforçam a importância do prêmio: o sistema de seleção e julgamento recebe a credibilidade da comunidade científica e representa a maior premiação destinada à ciência no Brasil, no valor de 100 mil reais.
Legenda foto: Diretor financeiro José Moscogliatto Caricatti oficializa a vitória do prêmio, na sede do IAC, em Campinas
O reconhecimento é endossado por doutores representantes das maiores instituições no campo da Ciência, entre elas, (FAPESP), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Os premiados são escolhidos por apresentar talento inovador, liderança, abrangência social, trabalho incansável, integridade e ética. Nessa terceira edição, Luiz Fazuoli, que além de pesquisador é diretor do Centro de Café Alcides Carvalho, do IAC, foi escolhido entre mais de 50 indicações de 140 entidades participantes. Para o diretor financeiro da Fundação, José Moscogliatto Caricatti, as justificativas que pesaram na escolha do pesquisador serão reveladas na entrega do prêmio, mas certamente engloba contribuições de grande dimensão social.
CONTRIBUIÇÕES À CAFEICULTURA
Especialista em Genética e Melhoramento do Cafeeiro e doutor em Biologia Vegetal, Luiz Fazuoli trouxe grandes contribuições à cafeicultura nacional, tendo lançado, em 2000, três cultivares, Tupi e Obatã, resistentes à ferrugem, e Ouro Verde, de porte baixo e excelente qualidade de bebida. Coordenou a seleção da cultivar Tupi RN, que será brevemente lançada e registrada pelo IAC, com resistência à ferrugem e ao nematóide Meloidogyne exígua.
O desenvolvimento de cultivares resistentes a pragas e doenças engloba as características destacadas pela Fundação Conrado Wessel, principalmente os materiais que trazem diferenciais de sustentabilidade e economia para o produtor rural, com redução de riscos à poluição ambiental e à saúde dos agricultores. O desenvolvimento de cultivares de porte baixo favorece o plantio adensado, com menor custo de manutenção e colheita. O melhoramento genético do cafeeiro, foco de estudo do pesquisador, permite a introdução e manutenção da atividade em regiões onde o café é forte gerador de emprego e renda.
Em colaboração com a equipe de pesquisadores do IAC e Unicamp, Luiz Fazuoli participou do descobrimento do café naturalmente descafeinado, em três plantas de introduções da Etiópia, cujo trabalho foi publicado na revista científica Nature, em junho de 2004. Este estudo teve grande repercussão nacional e internacional. Desenvolve projetos para o melhoramento do cafeeiro Robusta, tendo identificado 50 plantas matrizes com elevada produção e qualidade da bebida. Também participou da identificação de 13 clones de híbridos F1 do cruzamento de Catuaí Vermelho x Coffea canephora Robusta, denominados Arabusta, altamente produtivos, com resistência múltipla à ferrugem e ao nematóide Meloidogyne exígua. O material apresenta bebida superior ao café robusta, constituindo em um blend natural.
VIDA DE PESQUISADOR
Luiz Carlos Fazuoli trabalha no IAC desde 1970 e é discípulo de Alcides Carvalho, o maior cientista de melhoramento de café do mundo. Participou das novas seleções de café Mundo Novo e atuou na avaliação final das cultivares Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo e Acaiá. Essas cultivares desenvolvidas no IAC representam 90% da cafeicultura brasileira (cerca de quatro milhões de cafeeiros Arábica). Defendeu sua tese de doutorado sobre as cultivares Icatu Vermelho, Icatu Amarelo e Icatu Precoce, cujo desenvolvimento também teve efetiva participação do pesquisador.
Seu nome figura em 90 artigos científicos publicados em periódicos, 201 resumos em congressos e simpósios, 13 capítulos de livro e 79 produtos tecnológicos, sendo 64 cultivares de café registrados no Sistema Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC).
Em 2001, Fazuoli recebeu a Medalha Paulista de Mérito Científico e Tecnológico, concedida pelo Governo de São Paulo. Recebeu outros prêmios de diversas entidades, entre eles, foi homenageado como aluno símbolo da ESALQ, na comemoração de seu centenário. Participa da Comissão Técnica de Pesquisa (CTP) da Embrapa Café e foi por sete anos o coordenador do Núcleo de Genética e Melhoramento do Cafeeiro do CBP&D/Café.
INCENTIVO AO PROGRESSO
A partir de agora, Fazuoli terá seu nome entre os cientistas brasileiros premiados pela Fundação Conrado Wessel, organização sem fins lucrativos, que incentiva atividades educativas, culturais e científicas. A Fundação cumpre o desejo de seu idealizador, Ubaldo Conrado Augusto Wessel, que deixou um patrimônio dedicado à filantropia, ao progresso da ciência e valorização da cultura. Conrado Wessel foi o criador da primeira fábrica brasileira de papel fotográfico, resultado de anos de pesquisa, que mais tarde renderia uma lucrativa parceria com a Kodak.
O PRÊMIO
Os Prêmios FCW de incentivo à Ciência, Cultura e Fotografia, serão entregues na maior sala de concertos da América Latina, a Sala São Paulo, do Complexo Cultural Júlio Prestes (antiga estação de trens da Estrada de Ferro Sorocabana). O evento contará com a presença do pianista internacional Arnaldo Cohen.
Jornalista Cibele Aguiar – Mtb 06097
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