FAZENDA JACARANDÁ VENDE CAFÉ ORGÂNICO PARA O JAPÃO E INVESTE NO SOCIAL

12 de dezembro de 2005 | Sem comentários Café Orgânico Produção


O café orgânico da Jacarandá, no sul de Minas, estará sendo comercializado na Biofach, na Alemanha, em fevereiro – A consciência ecológica perpetuada no convívio com o avô Carlos Franco garantiu ao agrônomo Cássio Franco Moreira a continuidade de uma história iniciada há muitos anos. Há cerca de dez anos, a história foi reformulada quando a Fazenda Jacarandá, no município de Machado, no sul de Minas Gerais, transformou os cafezais tradicionais em lavouras orgânicas. Os grãos produzidos pela Jacarandá são exportados para o Japão, onde são comercializados a partir da tradição da antiga fazenda mineira. Os proprietários estão em busca de novos compradores na Biofach 2004.

A fazenda produz também banana orgânica. Os proprietários estão envolvidos num projeto para fazer com que essa produção seja comercializada com maior valor, a partir do seu processamento, seca ou em polpa. ‘É muito difícil exportar in natura’, assinala Cássio, ressaltando os grandes problemas de logística para esse tipo de comércio. A Jacarandá é parte da herança de terras deixada pelo bisavô de Cássio, áreas que foram divididas em diferentes fazendas. Durante muitos anos, as lavouras de café dali foram tratadas tradicionalmente, até que Carlos Franco, falecido no ano passado, decidisse mudar o rumo da produção, numa época em que poucos se dedicavam à cultura orgânica.

Segundo Cássio, seu avô foi o pioneiro na produção de café orgânico em Machado, uma região hoje reconhecida pela qualidade desse tipo de grão. Durante algum tempo, Carlos Franco plantou orgânico sem vendê-lo como tal, diz Cássio, hoje responsável pela fazenda. ‘A preocupação dele era com a natureza, com os trabalhadores, com o uso de agrotóxicos e não com as vendas’, afirma o agrônomo.

A valorização do café orgânico e as vendas para o exterior começaram no início da década de 90, por meio do contato com um torrefador japonês, apresentado a Carlos Franco por um vendedor de insumos, também japonês, de Machado. Ryuchi Nakamura, o empresário de Fukuoka, conheceu a Jacarandá há dez anos e passou a negociar com a fazenda.

O café que Nakamura compra, em média por US$ 160, recebe atenção especial. O produto é vendido com o nome da Jacarandá no rótulo [algo pouco comum na exportação brasileira de grãos], que também traz aspectos históricos da propriedade e da produção, inclusive fotos. No ano passado, cerca de mil sacas foram exportadas. Este ano são esperadas 2 mil sacas. ‘As lavouras são muito antigas e estão sendo reformadas’, explica Cássio, ressaltando que a previsão é a de que, em 2006, a produção alcance três mil sacas [de cerca de 100 hectares plantados].

Nakamura, conta Cássio, já editou um livro sobre a Jacarandá e a publicação deve ser traduzida agora para o português. O empresário japonês vem sempre ao Brasil visitar a fazenda e compartilha das preocupações sociais e ecológicas valorizadas pelos proprietários da Jacarandá. O empresário japonês compra também café de plantadores do Equador por causa da atividade social e parte dos lucros obtidos no negócio é doada para uma fundação japonesa que colabora com as vítimas de Chernobyl. Há três anos, ele ajudou a financiar uma conferência internacional sobre o chamado ‘mercado justo’ e café orgânico em Machado.

A Jacarandá possui seis parceiros na produção e são estes parceiros trabalhadores que dão vida à agrovila criada por Carlos Franco, a partir da destinação de uma área de nove hectares da fazenda. ‘A idéia do meu avô era a de que os parceiros e funcionários tivessem os lotes deles para que pudessem plantar e também para ter onde ficar quando se aposentassem’, diz Cássio, lembrando que os moradores da agrovila já conseguiram, junto com os de outras vilas da região, uma série de melhorias, como transporte e posto de saúde.

Os negócios com o Japão vão muito bem, afirma Cássio, mas os fazendeiros estão interessados em expandir as vendas, por isso participam da Biofach. O café da Jacarandá já foi vendido também para os Estados Unidos [mas através do Café Bom Dia, também do sul de Minas Gerais] e, atualmente, Cássio tenta fechar negócio com ingleses. ‘Enviamos um lote de 50 sacas para experiência’, lembra ele, assinalando que a comercialização na Europa é mais difícil, porque os europeus pagam bem menos pelo produto.

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