Fazenda Iracema de cafés especiais quer exportar para novos mercados

Fazenda Iracema de cafés especiais quer exportar para novos mercados, afirma diretor em visita de alunos do Curso de Café da Associação Comercial de Santos

A Fazenda Iracema, de Machado, no sul do Estado de Minas Gerais, pretende conquistar novos mercados para a exportação de cafés especiais, do tipo arábica. A afirmação foi feita pelo diretor da Comércio e Exportação de Café (empresa do Grupo Dínamo responsável pela exportação de produtos originados pela Fazenda Iracema), José Roberto Levy, aos alunos do 59.º Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos (ACS), ocorrida na tarde da última sexta-feira, 10 de julho de 2015.

O site pode ser conferido em http://www.iracemacafes.com.br
Os 20 alunos – 10 japoneses (5 homens e 5 mulheres), 1 brittânica, 1 mexicano, 1 italiano e 7 brasileiros) – também conheceram, na manhã de sábado, 11 de julho de 2015, o armazém de beneficiamento de cafés da Dínamo Inter-Agrícola, em Machado – http:/ www.dinamoag.com.br. A matriz da Dínamo fica em Machado.

A comitiva de alunos do curso da Associação Comercial de Santos foi liderada pelo professor Nilton Ribeiro, que durante 55 anos foi classificador de café da Stockler Comercial e Exportadora – http://www.stocklerltda.com.br

A Fazenda Iracema já exporta cafés especiais para a Itália, Suíça e Austrália, mercados conquistados porque tem certificações de qualidade reconhecidas internacionalmente, como a Fair Trade, a UTZ, Certifica Minas Café, Código Comum para a Comunidade Cafeeira (4C), e é filiada à Brazil Specialty Coffee Association BSCA) – Associação Brasileira de Cafés Especiais.

Antes da visita à fazenda, todos almoçaram no pesqueiro Serrania, de Machado.

Na Iracema, a comitiva da ACS foi recepcionada pelo diretor José Roberto Levy, pelo administrador da fazenda, Leandro Freitas Santos, e pelo classificador de café Carlos Henrique da Silva, da Dínamo, onde gerencia a qualidade dos serviços prestados aos exportadores e ao mercado interno.
Ao dar as boas-vindas aos visitantes, Levy informou que a Iracema tem as certificações necessárias para a exportação de cafés especiais. “Para nós, da Iracema, é motivo de orgulho que a fazenda seja uma referência em qualidade na região”, disse.

A fazenda tem 500 hectares (500 ha) de área, dos quais 323 ha plantados com pés de café arábica, de acordo com o diretor. Por enquanto, a capacidade de produção varia de 8 mil a 12 mil sacas de 60 quilogramas (60 kg) de cafés especiais por ano.

Levy acrescenta que a Fazenda Iracema mantém sempre mais de 80 pontos – em um máximo de 100 – de qualidade da BSCA, que adota o sistema americano, da Specialty Coffee Association of America (SCAA) – Associação Americana de Cafés Especiais, que criou tal pontuação, internacionalmente reconhecida.

Outra característica da Iracema é que os pés de cafés são irrigados por gotejamento, providência eficiente contra a falta de chuvas. “Em 2014, aqui na Iracema não sofremos tanto com a seca, em comparação com outras fazenda não gotejadas “, confirmou José Roberto Levy.

Para garantir a irrigação, em cada fileira de pés de café se estende um encanamento com pequenos furos, por onde escorre a água para molhar a terra. Na água, são acrescentados nutrientes para fertilizar o solo. “É preciso monitorar a pressão da água, para eliminar algum eventual ponto de entupimento”, alertou Levy.

Com o objetivo de dispor de pés de cafés com diferentes idades, cafeeiros de cerca de 20 anos foram, recentemente, substituídos por novas plantas, para otimizar a colheita.

Os alunos do curso da Associação Comercial de Santos viram pés de cafés com cerca de 7 anos, com os frutos ainda nos galhos. Uma colheitadeira mecânica passava sobre os cafeeiros, colhendo os frutos – vermelhos e amarelos. O equipamento é projetado para não recolher o café na parte superior e na inferior, tarefa que cabe a outros instrumentos, adequados para a operação.

No caso de pés de café com menos de três anos, a colheita é manual, para não danificar o cafeeiro. A partir dos três anos, pode ser utilizada a colheitadeira mecânica.

Após colhidos, os frutos são transportados para a caixa de recepção, onde são despejados. Um elevador joga o café em uma peneira de separação de folhas e paus, lançando os frutos no equipamento lavador. Um aparelho separador separa os frutos de café cereja descascado e boia, que tem este nome porque flutua na água.

Em seguida, o descascador descasca o cereja e separa os frutos verdes também. Depois, o produto vai para a centrífuga, para secar os grãos. A próxima etapa é levar o café para o terreiro, para a pré-secagem: durante três ou quatro dias, seca ao sol, ao ar livre, de modo que a umidade fique em 25%. Após esse período, os grãos são então secados no secador mecânico, mantendo-se a umidade em 12%. Se os grãos apresentarem 12,5% de umidade, não estão em condições de serem exportados.
Após a secagem, os grãos verdes de café podem ser beneficiados e ensacados – em sacos de 60 kg ou em big bags (grandes sacos, com capacidade de 1.200 kg, cortespondentes a 20 sacas de 60 kg cada uma).

O professor Nilton Ribeiro, ao mostrar os frutos dos cafés nos pés, explicou que eles obedecem a um ciclo natural: primeiro, eles florescem verdes; depois adquirem a cor amarela; e por fim ficam vermelhos, no caso de frutos vermelhos. Se o fruto final é amarelo (da variedade catuaí amarelo), o florescimento começa com o verde, segue para um amarelo fraco e é colhido quando está com um amarelo forte.

As cascas dos frutos do café são aproveitadas para integrarem uma compostagem que resultará em adubo orgânico.

Antes de se dirigirem de volta à sede da Fazenda Iracema, os alunos viram, do ônibus que os conduzia, pés de cafés de colheita precoce. Eram visíveis os canos para irrigação.

Na sede da fazenda, todos tiveram oportunidade de saborear os cafés especiais, comercializados com a marca Vista da Fazenda – torrado e moído, espresso e cápsulas de curto e longo.

Para acompanhar o café, biscoito de polvilho, bolo de fubá e outros doces típicos.

Na noite de sexta-feira, o jantar foi no pesqueiro Ney, onde todos comeram porções de churrasco.

DÍNAMO INTER-AGRÍCOLA

Na manhã de sábado, os alunos do curso da Associação Comercial de Santos conheceram o complexo industrial da Dínamo Inter-Agrícola em Machado, na  matriz da empresa. O complexo está em área de 50 mil metros quadrados, dos quais 30 mil metros quadrados de armazém.

Os alunos foram recepcionados na Dínamo em Machado pelo classificador Carlos Henrique da Silva, que controla as atividades do armazém e a qualidade dos serviços de café, e pelo diretor José Roberto Levy.
Levy explicou que o complexo industrial da Dínamo em Machado foi projetado para garantir “velocidade e flexibilidade” aos exportadores de café. A velocidade é necessária para dar conta da rapidez requerida por uma determinada empresa.

No pátio de entrada da Dínamo em Machado, fica a balança para pesagem da mercadoria. O caminhão de café é pesado cheio, quando chega, e é pesado vazio, na saída, o que permite saber a quantidade que entrou.
Duas novidades foram apresentadas aos alunos do curso. Uma delas é um saco de papel para exportação – os grãos verdes são primeiro inseridos em um saco plástico e então este é colocado no saco de papel. Esta iniciativa é utilizada para atender compradores e cafés especiais.

A outra é novidade é a embalagem Grain Pró, onde os grãos verdes são envazados em um saco plástico de 60 kg, que, por sua, vez, é a colocação em saco de juta – também para importadores de cafés especiais.
Nos dois casos, o saco plástico protege o café contra a umidade.

Os grãos de café verde chegam dos centros de produção ao armazém da Dínamo, em Machado, em sacos de 60 quilogramas (60 kg) ou então a granel, em caminhão-caçamba. O produto é retirado das sacas e colocado em silos, para o processamento. Quanto ao granel, cai é despejado diretamente na moega subterrânea, para dar início ao processamento.
Um detalhe importante sobre a estocagem de café: é essencial que a carga seja armazenada somente em depósito especial para o grão, que não pode ser misturado com outros produtos, pois interferem no aroma e em outras características.

O processamento do café envolve a utilização de mesas densimétricas. O café é lançado na mesa, que tem um sistema de ventilação e é inclinada, o que faz com que os cafés mais leves sejam separados dos mais pesados. Esse processo permite uma pré-limpeza dos grãos onde as cascas, e pequenas impurezas são removidas. Após a Ventilação, os grãos de café verde passam por catadores de pedras e pela peneira de rebenefício. Através de modernos sistemas de máquinas eletrônicas, são removidos os grãos que possuem coloração não desejada como os pretos, verdes escuros e ardidos.

O armazém da Dínamo em Machado tem uma sala para recolhimento de amostras de café.

O armazém de Machado tem capacidade de estocagem de 500 mil sacas de 60 kg de preparo de 9 mil sacas por dia, de recebimento de 12 mil sacas por dia, de estufagem (enchimento) de 12 mil sacas em contêineres e capacidade de armazenagem de 50 contêineres.

Para embarque, os contêineres podem ser abastecidos de 3 maneiras:

– Sacaria de 60 kg. Um contêiner tem capacidade para 320 sacas.
– Alfa bags de 1.000 kg. Um contêiner comporta 20 alfa bags, que equivalem a cerca de 333 sacas.
– A granel, em quantidade equivalente a 360 sacas.

Em Santos, a Dínamo mantém o único armazém de beneficiamento de café – a Cidade chegou a ter cerca de 40 depósitos especializados do produto.
Cerca de 80% dos cafés exportados pelo Brasil são escoados para o mercado internacional via Porto de Santos e requerem certificado de origem, documento que atesta a procedência da carga. A Associação Comercial de Santos exerce papel importante no processo, porque tem o Departamento de Certificado de Origem, que emite esse documento para o exportador de café.
A Dínamo conta ainda com o Terminal de Café (T-Café) na Marginal Via Anchieta, que realiza serviços que compreendem a liga de lotes de café de diferentes regiões e a estufagem (enchimento) de contêineres com o produto. O T-Café é um Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex).

A empresa tem ainda um complexo de armazenagem em Franca, no Interior do Estado de São Paulo, região produtora de cafés finos.

CURSO DE JULHO

O 59.º Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos começou em 6 de julho e terminará em 30 de julho de 2015.

Além da viagem à Fazenda Iracema e ao armazém da Dínamo, o curso terá também uma palestra sobre sustentabilidade e certificações de café, proferida por um especialista no assunto, Soren Knudsen, e outra sobre o mercado de café, com informações sobre as bolsas de Nova York e Londres, apresentada por Nicolaus Fallmeier e Alexandre Ferraz, ambos da Stockler.
A formatura acontecerá em 30 de julho, no final da tarde, no Auditório da Associação Comercial de Santos.

ALUNOS ESTRANGEIROS

Alberto G. Sada Zambrano (mexicano) – Eisa – Empresa Interagrícola S.A.
Ayaka Fujii (japonesa) – UCC – Ueshima Coffee do Brasil
Emi Ueda (japonesa) – UCC – Ueshima Coffee do Brasil
Grace Gallagner (britânica) – Cia. Iguaçu de Café Solúvel
Kohei Sano (japonês) – Mitsui Alimentos
Koji Ogawa (japonês) – Cia. Iguaçu de Café Solúvel
Mao Oshiguchi (japonesa) – Cia. Iguaçu de Café Solúvel
Mika Okuda (japonesa) – Cia. Iguaçu de Café Solúvel
Nami Aoyama (japonesa) – Cia. Iguaçu de Café Solúvel
Nobuhiro Higashiyama (japonês) – UCC – Ueshima Cofee do Brasil
Oliviero Remmert (italiano) – Stockler
Takumi Fujimoto (japonês) – Mitsui Alimentos
Yuichi Hatayama (japonês) – Mitsui Alimentos

BRASILEIROS

Douglas Saka Zanella – Outspan Brasil Import. Export.
Fabricio dos Santos – GGA – Corretora de Mercadorias
Fernanda Jordão – Volcafe
Lucas Piccoli de Souza
Midiã Menezes Viana
Rubens Eduardo Viana
Victor Mauri da Costa Reme Alves – Rei do Café

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