26/07/2010 – 14h47
DE RIBEIRÃO PRETO
Márcia Ribeiro/Folhapress
A bióloga Beatriz Franco de Lacerda Bacellar administra a fazenda Paraízo, que pertence a sua família há 150 anos
A produção premiada de café foi extinta há muitos anos na fazenda Paraízo, em São Carlos (a 232 km de São Paulo). No entanto, o fim da cultura e a vinda de outras gerações da família Lacerda não apagaram a história da propriedade, que está completando 150 anos.
Terreiro para esparramar o café, casa de máquina para beneficiar os grãos, local de armazenamento. Toda a estrutura do período cafeeiro foi mantida na fazenda.
Quem retrata a trajetória da Paraízo é a proprietária, Beatriz Franco de Lacerda Bacellar, 54, bióloga e apaixonada pela fazenda onde passou a infância. Ela faz parte da quinta geração da família do fundador do local, José de Lacerda Guimarães, o Barão de Arari.
\”Ele comprou essa gleba de terra em 1860. Depois passou a um dos seus filhos, Cândido Franco de Lacerda, que foi o grande empreendedor. Fez a casa principal e outras estruturas e foi um grande produtor de café da sua época\”, conta Beatriz.
O café feito em Paraízo era voltado à exportação e sua qualidade rendeu um prêmio em Paris, em 1889. A medalha, ainda hoje, está exposta em uma estante na fazenda, assim como retratos de familiares, móveis e objetos que participaram da história de quem viveu na propriedade em outras épocas.
Além de café, a fazenda já teve plantação de algodão e laranja e gado de leite. \”Vários tipos de cultivo foram se alternando porque o café já não tinha a mesma força.\”
A família administrou o local até 1987. Naquele ano, morreu o pai de Beatriz, José Franco de Lacerda, e a terra foi arrendada. Dez anos depois, Beatriz reassumiu a terra e, aos poucos, recuperou a vitalidade do lugar que a viu crescer.
\”Voltei e tinha só mato, jardins sem cuidados, a casa era um abandono. Consegui colocar tudo em ordem dez anos depois\”, conta.
Mesmo com o crescimento da cidade, o local conserva calma e sossego. Em frente ao casarão, é possível avistar o lago. Um pouco mais adiante, vê-se o gado, atividade hoje desenvolvida no local, ao lado da plantação de cana-de-açúcar.
A família já tem representantes da sétima geração do Barão de Arari e, se depender de Beatriz, o legado vai permanecer.
\”Tenho um apego sentimental por ter vivido muitos momentos bons aqui. Acho que é importante passar toda essa história\”, disse.