Famintos já são mais de 1 bilhão

FAO denuncia insuficiência das ações no combate à fome. Número de vítimas aumentou em 100 milhões desde 2008

Por: ESTADO DE MINAS - MG

Brasília – Isaiah Chindumba, de 48 anos, não integra a parcela dos 5,5 milhões de zambianos com desnutrição crônica, o equivalente a 47% da população do país africano. No entanto, ele admite conhecer muitas pessoas que enfrentam a fome. “A escassez de alimentos é um problema em qualquer lugar. A questão principal é que as pessoas não têm dinheiro”, afirma. No mundo, o número de famintos passa de 1,02 bilhão – um aumento de 100 milhões em relação à 2008. Os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, pela sigla em inglês) revelam que um sexto da população do planeta não tem o que comer. A menos que ações substanciais sejam tomadas imediatamente, a expectativa é de que a meta de redução de famintos para 420 milhões, até 2015, não será alcançada.


A crise alimentar foi agravada pelo colapso da economia mundial, que aumentou o desemprego e reduziu o acesso dos mais pobres aos alimentos. A FAO usou a Zâmbia como exemplo. “Uma perigosa combinação da recessão econômica global com os preços insistentemente altos de alimentos em muitos países tem empurrado mais 100 milhões de pessoas à fome crônica e à pobreza”, declara Jacques Diouf, diretor-geral da organização. “Essa crise silenciosa da fome – que afeta um em cada seis seres humanos – supõe ser um sério risco à paz e à segurança mundiais. Precisamos criar com urgência um amplo consenso para a erradicação rápida e completa da fome no mundo e dar os passos necessários”, acrescenta.


Nos últimos anos, o número de vítimas da falta de comida aumentou em todas as regiões do planeta, com exceção da América Latina e do Caribe. Quase todos os subnutridos estão em países em desenvolvimento. Segundo a FAO, a insegurança alimentar golpeia sem clemência principalmente a Ásia e o Pacífico, com 642 milhões de famintos. A África Subsaariana detém alta prevalência de desnutridos (32% da população total). O Oriente Médio e o Norte da África registraram o maior aumento no número de pessoas com fome (13,5%). Mesmo apresentando um quadro melhor, na América Latina e no Caribe 12,8% dos habitantes sofrem com o problema.


O VILÃO O especialista norte-americano Matt Roney , do Earth Policy Institute, o etanol é um dos vilões no processo, ao alavancar o preço do grão. “O mandato do etanol e o subsídio para o combustível baseado em grãos são amplamente responsáveis pela inflação dos alimentos, que empurra mais e mais pessoas à pobreza. Além de provocar números recordes de fome e desnutrição ao redor do mundo, o etanol obtido de grãos não é a resposta para as necessidades de energia”, afirma. Ele garante que se os Estados Unidos convertesse toda a lavoura de gãos em combustível para carros, supriria apenas 18% da demanda pelo álcool. “Entre 2006 e 2008, os EUA quase dobraram a quantidade de milho transformado em etanol (cerca de 40 milhões de toneladas); isso é suficiente para alimentar 130 milhões de pessoas por um ano.”

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.