Segunda-Feira, 29 de Maio de 2006 – 13:00
O País reagiu de maneira extremamente lenta à crise anunciada”
“Estamos totalmente culpados pela crise do agronegócio. É assustador como somos improvisados; não temos planejamento para exportar”, diz o professor Rainy Workmann, que na semana passada deu palestra sobre a eficiência e eficácia das estratégias de marketing. Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o professor chama a atenção para o problema da queda nas exportações, principalmente do frango, que também atingem o Mato Grosso do Sul.
“Desde o ano passado, por conta da gripe aviária, já se viam sinais de que a demanda iria esfriar, os preços iriam cair e o produtor ficaria com uma superoferta na mão”. Para Workmann, o que ocorre hoje é a consequência da falta de planejamento, tomando medidas para evitar a crise atual. “Os grupos deveriam ter profissionais para tomar medidas preventivas e evitar este tipo de problema, porque demissões e ajustes são medidas muito dolorosas e a empresa perde mais dinheiro com isso”.
Para Workmann, o País reagiu de maneira extremamente lenta à crise anunciada, que levou ainda quatro meses para esfriar a demanda de 420 milhões de cabeças de frango para aproximadamente 320 milhões, que é a demanda hoje.
Sem preparo
Workmann enfatiza que falta marketing ao empresário brasileiro, que precisa se conscientizar de duas lógicas: a primeira, planejar para se precaver dos eventuais obstáculos que surgirem, e a segunda, mudar a cultura da visão imediatista do lucro, sem priorizar estratégia de mercado, ou seja, analisar a situação do mercado, ampliar o número de compradores para não ficar dependente de um ou dois, porque se eles deixam de comprar, o empresário quebra.
Um exemplo clássico de que no Brasil é necessário muito tempo para absorver a cultura de marketing, segundo Workmann, é que depois de mais de cem anos de cultivo do café, agora os empresários brasileiros buscam mercados alternativos e estão oferecendo o produto nas merendas escolares dos países asiáticos. “O agribusiness gera receita bilionária e o setor não conseguiu se organizar em um núcleo de inteligência para pegar as informações e repassar, para orientar o setor, como a entrada no mercado e o resfriamento de demanda, como a China que faz muito bem”.
Diversificar
De acordo com o professor, este é um exemplo que também deve ser feito com a carne bovina e a soja. “Avisei na época que o produto não seguraria um preço alto como estava, por ser uma commodity; estamos na mão dos grandes, de quem compra e vende muito. O mercado não está mais para amadores; quem tem informação hoje tem poder. Nos falta uma visão estratégica, diversificar o mercado e não ficar na mão de meia dúzia de compradores”, finaliza.
Fonte:Correio do Estado