Produtores de Mogi das Cruzes já cobram em média 30% a mais por hortifrutigranjeiros
A estiagem fora de época e o calor excessivo, com recordes diários de temperatura máxima, em São Paulo, já provocou danos à atividade agrícola, e alguns produtos começam a chegar mais caros à mesa das famílias paulistanas.
Além de impactos futuros na pauta de exportação, os próximos indicadores de inflação deverão refletir, de forma significativa, o aumento de preços de alimentos, como os hortifru-tigranjeiros.
O diagnóstico é do agrônomo Renato Alves Pereira, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada (Cati) de Mo-gi das Cruzes. Região que atinge 13 municípios e é um dos principais polos de abastecimento de hortifrutigranjeiros da Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), onde os preços subi-ramem média 30% nesta semana, segundo ele. Na quarta-feira, por exemplo, osconsumido-res pagavam, no varejão da Cea-gesp, mais caro na compra de alface lisa, chuchu e couve-flor.
De acordo com Renato Alves, “o sol forte não deixa sequer preparar as mudas, e a baixa vazão hídrica do alto Tietê impede o bombeamento em lavouras com irrigação”. Eledis-se que algumas pancadas de chuva foram registradas naquela região, mas só pioraram o quadro, porque vieram acompanhadas de granizo. Nas plantações de caqui, disse ele, metade das frutas se perdeu.
No segmento de citros, o clima adverso está prejudicando as lavouras de laranja, item importante na pauta de exportações do país, que é líder no mercado mundial da fruta proces-sadaemformade sucos. “Afal-ta de água afeta o crescimento da fruta, e o sol forte provoca ra-chaduras, com influência direta na produtividade”, relata Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricul-tores (Associtrus).
Segundo ele, não há ainda um levantamento preciso so-
bre o impacto na colheita, mas acredita que possa haver quebra na safra 2014/2015 em torno de 30% . Viegas observou que, nos últimos três anos, muitos produtores erradicaram plantações por desestímulos de preços, e haverá diminuição da oferta, motivada pelo recuo da produção no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Fatores que também contribuem para a elevação de preços.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado àEs-cola Superior de Agricultura Luiz de Queroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), os preços pagos aos produtores, que normalmente sobem em fevereiro, tiveram elevação mais cedo, com alta de 34,2% na primeira quinzena de janeiro, sobre dezembro último, e subiram 104,1% na comparação com igual mês de 2013. No acumulado de fevereiro, até quarta-feira, a cotação indicou valorização de 3,05%, atingindo R$ 21,28 por caixa de 40,8 quilos, ainda a ser colhida, sem custos de colheita e de frete.
Sem levar em conta os efeitos do clima, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR) estimou a produção da safra 2014/2015 em 317 milhões de caixas de laranja nas lavouras de São Paulo e do Sul de Minas Gerais, em torno de 18% acima da safra finalizada em janeiro, com 268,3 milhões de caixas. Outra cultura com risco de frustrar a produção é a do café, que nesse momento deveria estar em pleno enchimento dos frutos. ABr