AGRONEGÓCIOS
10/09/2007
De Salvador
O volume reduzido de chuvas da última safra afetou o desempenho do café cultivado no pólo de grãos do oeste baiano. Apesar de a cultura ser totalmente irrigada na região, as poucas chuvas e as temperaturas acima da média histórica reduziram a umidade relativa do ar, o que diminuiu o potencial de exportações e fez cair pela metade a produtividade do grão.
Na safra 2007/08, o café, quarta cultura mais importante no oeste da Bahia, atrás de soja, algodão e milho, ocupou 14,2 mil hectares, praticamente a mesma área do ano passado. A produtividade, entretanto, foi de 28,5 sacas por hectare, metade das 57 sacas por hectare obtidas em 2006. De uma safra à outra, a produção decresceu de 640,7 mil sacas para 404,6 mil.
“Foi pouca chuva e temperatura acima do normal. Mesmo que a cultura seja irrigada, a irrigação não consegue corrigir isso”, diz Alex Rasia, diretor-executivo da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). De 1996 até hoje, segundo a entidade, a melhor produtividade foi registrada em 2000, quando foram obtidas 66,7 sacas por hectare. A melhor produção, de 647,9 mil sacas, foi a de 2004/05. A do ano passado havia sido a segunda mais alta na história do café no oeste baiano.
Com umidade do ar menos acentuada, o número de grãos por planta e o próprio tamanho dos grãos diminuem. Grãos menores afetam as exportações, já que essa é uma das características analisadas pelos importadores. Uma das exigências é de pelo menos 70% de grãos de peneira 17. Segundo Rasia, a média no oeste baiano é de ter até 80% de café apto para exportação. Neste ciclo, o volume foi de cerca de 60%.
“Os técnicos ainda estão trabalhando para detectar se outros fatores pesaram para essa queda. Ainda não estou convencido de que a pouca chuva tenha sido a única responsável por uma queda tão grande”, diz Sérgio Pitt, vice-presidente da Aiba. Em sociedade com outros produtores, Pitt cultiva 1.026 hectares de café arábica.
Uma das variações mais drásticas nas chuvas foi registrada no mês de abril. Em 2006, o volume foi de 254 milímetros, mas, em abril deste ano, foram 34 milímetros. Na comparação entre um ano e outro, a umidade relativa do ar em maio caiu de 74,4% para 68,5%.
Ainda que a queda tenha sido um dos baques mais fortes na cafeicultura desde que a cultura foi introduzida na região, em meados da última década, sua ocorrência pode alimentar uma boa safra em 2008, diz Pitt. “Com menos grãos, a planta gastou menos energia. Ela pode ficar mais forte para o ano que vem.” Também deve colaborar para a recuperação o fato de as plantas serem relativamente jovens – as mais velhas têm entre 11 e 12 anos. “Tem planta em produção no sul de Minas Gerais de até 30 anos”, diz. (Patrick Cruz)