A crise hídrica já derrubou a produção agrícola em vários municípios de São Paulo e Minas Gerais. Milho, soja, café e laranja estão entre as culturas atingidas.
Uma das regiões mais afetadas é a do Triângulo Mineiro, segundo dados da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais). Uberaba, principal produtora mineira de milho, viu sua produção cair 30% -a prefeitura decretou estado de emergência devido à seca.
A quebra na safra deverá fazer o consumidor conviver nos próximos meses com preços mais altos, e não só no milho. O cereal, moído, é usado na alimentação animal com o farelo de soja, o que significa que o preço da carne pode ser impactado.
O levantamento, concluído na última semana, aponta ainda perdas em Minas de 25% na produção de soja e de arroz, de 13% na de café arábica e de 26% na de milho, com destaque negativo para a microrregião de Uberaba.
Só na cidade, as perdas financeiras são estimadas em R$ 400 milhões pelo Sindicato dos Produtores Rurais.
“O decreto de emergência ajuda o produtor a fazer laudos técnicos da lavoura para ver perdas, buscar seguro rural e eventualmente até rolar dívidas”, disse Romeu Borges de Araújo Junior, presidente da entidade.
O problema é grave na região porque o índice pluviométrico ficou muito abaixo da média histórica: choveu só 86 mm em janeiro, ante a média de 360 mm. Não houve registro de chuva de 24 de dezembro a 28 de janeiro.
Presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Alysson Paolinelli, ministro da Agricultura (1974-79) no governo de Ernesto Geisel, também disse que o consumidor será afetado.
“Diziam que a safra dos EUA seria grande e que haveria folga, mas a tal folga foi consumida pelo Brasil, que teve problemas severos. A tendência é que os preços subam no mercado interno.”
MENOS CAFÉ E SUCO
Já em São Paulo, a estimativa do IEA (Instituto de Economia Agrícola) é que a safra de café tenha redução de 11,6% em relação à anterior, reflexo da queda na estimativa de produção no polo cafeeiro da Alta Mogiana, que chegou a 40%.
Na citricultura, segundo Flávio Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores), as perdas devem superar 20%.