Cafeeiro com ramos desfolhados na Mogiana Paulista; reflexo da falta de chuvas
22/09/2017 Embora muitos fatores ainda estivessem indefinidos em relação à próxima safra de café, a 2018/19, alguns analistas e agentes do mercado vinham, recentemente, traçando um cenário de supersafra no país, em decorrência da bienalidade positiva da cultura e da florada precoce no fim de agosto. Contudo, com as chuvas escassas e temperaturas elevadas nas principais regiões produtoras de café arábica do país, as expectativas começam a se reverter, o que gera incertezas e volatilidade no mercado de café.
Nesse cenário de poucas chuvas, a primeira florada do arábica que já ocorreu pode não vingar em sua totalidade, e a próxima – e a mais importante delas – esperada para o fim deste mês ou início de outubro, pode ser prejudicada.
De acordo com André Luiz Garcia, pesquisador da Fundação Procafé, de Varginha (MG), havia previsão de chuvas, mas elas atrasaram, o que levou à desfolha de cafeeiros no sul de Minas Gerais, cerrado mineiro e na Mogiana Paulista. A queda das folhas é resultado do estresse hídrico e faz com que as plantas percam potencial produtivo, explica. “Na primeira quinzena do mês não estava tão preocupante. Agora, há perdas de folhas”, diz, acrescentando que há previsão de “chuva boa” só no fim de outubro.
Segundo ele, só houve chuvas em junho nas regiões cafeeiras, e em agosto, o volume de precipitação ficou em 5 a 10 mm. “Se tiver água, a planta segura o ‘chumbinho’. Senão, aborta”, diz, referindo-se aos frutos em fase de formação. O agrônomo observa que os cafezais que já tiveram florada, mas são irrigados, correm menos riscos.
Contudo Úbion Terra, diretor-executivo da O’Coffee, em Pedregulho, na Alta Mogiana Paulista, demonstra preocupação. Segundo ele, houve uma pequena florada nas áreas das fazendas de café do grupo onde há irrigação, mas as altas temperaturas fazem a água se evaporar. “As temperaturas altas minimizam o efeito da irrigação” nos cafezais, lamenta.
Terra diz que as primeiras chuvas que deveriam ter caído não ocorreram, e a previsão é de que esse quadro persista até 5 de outubro. Ele espera um florada maior em outubro, quando as chuvas chegarem. “Se não chover [de forma regular], a próxima safra será prejudicada e a ideia de uma supersafra perde força”. Ainda assim, diz, a expectativa é de que colheita 2018/19 seja maior do que a que acaba de ser retirada dos cafezais.
Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, tem avaliação semelhante. Se houver chuvas regulares em outubro e novembro, a produção na próxima safra deverá superar a atual, que teve bienalidade negativa.
Ainda que reconheça que a situação dos cafezais que já floresceram “seja complicada” num cenário de escassez de chuvas, ele pondera que as perdas são pequenas nas regiões de café entre o norte do Paraná e o Triângulo Mineiro. E acrescenta que há previsão de chuvas para o começo da semana que vem, com volumes acima de 30 mm nessas regiões. Com as chuvas, deve vir a principal florada. A preocupação, diz, é se parar de chover depois.
Menos pessimista, Santos avalia que ainda “é prematuro” falar em queda da produção por causa dos casos de desfolha do café. Mas ele admite que o potencial produtivo da temporada 2018/19 pode não ser atingido em sua totalidade.
Úbion Terra avalia que o atual ambiente para o café pode influenciar os preços. Por enquanto o que se viu foi uma forte queda, de quase 3%, nos contratos de segunda posição na bolsa de Nova York desde o começo de agosto. Nos últimos dias, houve alta, mas os preços voltaram a recuar com as previsões de precipitações. “A expectativa de chuvas mandou para o ralo a tensão de enfrentar um período de seca quando as chuvas são definitivamente necessárias”, afirma Thiago Cazarini, da Cazarini Trading, em relatório. Só ontem, os contratos de segunda posição caíram 1,1%.
Fonte : Valor
Contudo, com as chuvas escassas e temperaturas elevadas nas principais regiões produtoras de café arábica do país, as expectativas começam a se reverter, o que gera incertezas e volatilidade no mercado de café.
Embora muitos fatores ainda estivessem indefinidos em relação à próxima safra de café, a 2018/19, alguns analistas e agentes do mercado vinham, recentemente, traçando um cenário de supersafra no país, em decorrência da bienalidade positiva da cultura e da florada precoce no fim de agosto. Contudo, com as chuvas escassas e temperaturas elevadas nas principais regiões produtoras de café arábica do país, as expectativas começam a se reverter, o que gera incertezas e volatilidade no mercado de café.
Nesse cenário de poucas chuvas, a primeira florada do arábica que já ocorreu pode não vingar em sua totalidade, e a próxima – e a mais importante delas – esperada para o fim deste mês ou início de outubro, pode ser prejudicada. De acordo com André Luiz Garcia, pesquisador da Fundação Procafé, de Varginha (MG), havia previsão de chuvas, mas elas atrasaram, o que levou à desfolha de cafeeiros no sul de Minas Gerais, cerrado mineiro e na Mogiana Paulista.
A queda das folhas é resultado do estresse hídrico e faz com que as plantas percam potencial produtivo, explica. “Na primeira quinzena do mês não estava tão preocupante. Agora, há perdas de folhas”, diz, acrescentando que há previsão de “chuva boa” só no fim de outubro. Segundo ele, só houve chuvas em junho nas regiões cafeeiras, e em agosto, o volume de precipitação ficou em 5 a 10 mm. “Se tiver água, a planta segura o ‘chumbinho’. Senão, aborta”, diz, referindo-se aos frutos em fase de formação. O agrônomo observa que os cafezais que já tiveram florada, mas são irrigados, correm menos riscos.
Contudo Úbion Terra, diretor-executivo da O’Coffee, em Pedregulho, na Alta Mogiana Paulista, demonstra preocupação. Segundo ele, houve uma pequena florada nas áreas das fazendas de café do grupo onde há irrigação, mas as altas temperaturas fazem a água se evaporar. “As temperaturas altas minimizam o efeito da irrigação” nos cafezais, lamenta. Terra diz que as primeiras chuvas que deveriam ter caído não ocorreram, e a previsão é de que esse quadro persista até 5 de outubro. Ele espera uma florada maior em outubro, quando as chuvas chegarem. “Se não chover [de forma regular], a próxima safra será prejudicada e a ideia de uma supersafra perde força”. Ainda assim, diz, a expectativa é de que colheita 2018/19 seja maior do que a que acaba de ser retirada dos cafezais.
Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, tem avaliação semelhante. Se houver chuvas regulares em outubro e novembro, a produção na próxima safra deverá superar a atual, que teve bienalidade negativa. Ainda que reconheça que a situação dos cafezais que já floresceram “seja complicada” num cenário de escassez de chuvas, ele pondera que as perdas são pequenas nas regiões de café entre o norte do Paraná e o Triângulo Mineiro. E acrescenta que há previsão de chuvas para o começo da semana que vem, com volumes acima de 30 mm nessas regiões.
Com as chuvas, deve vir a principal florada. A preocupação, diz, é se parar de chover depois. Menos pessimista, Santos avalia que ainda “é prematuro” falar em queda da produção por causa dos casos de desfolha do café. Mas ele admite que o potencial produtivo da temporada 2018/19 pode não ser atingido em sua totalidade.
Úbion Terra avalia que o atual ambiente para o café pode influenciar os preços. Por enquanto o que se viu foi uma forte queda, de quase 3%, nos contratos de segunda posição na bolsa de Nova York desde o começo de agosto.
Nos últimos dias, houve alta, mas os preços voltaram a recuar com as previsões de precipitações. “A expectativa de chuvas mandou para o ralo a tensão de enfrentar um período de seca quando as chuvas são definitivamente necessárias”, afirma Thiago Cazarini, da Cazarini Trading, em relatório. Só ontem, os contratos de segunda posição caíram 1,1%.