A colheita da safra de café no Brasil está chegando ao fim e as principais cooperativas do setor afirmam já terem recebido boa parte da quantidade café que estimaram. Porém, segundo as cooperativas, o montante não é suficiente para abastecer os mercados interno e externo. Para especialistas ouvidos pelo Coffee Break, os preços devem ficar em patamares elevados, mas existe desconfiança em relação à previsão de consumo interno, à previsão de colheita da safra 2011/2012 e ainda com a certeza de que a produção está aquém da necessidade do mercado.
Na Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso), o trade Gilson Aloíse e Souza, informou que a meta é o recebimento de 705 mil sacas de café e que 60% desse volume já estão nos armazéns da cooperativa. Apesar da estimativa estar sendo cumprida, ele acredita que poderá faltar café no primeiro semestre do ano que vem.
“Quanto aos preços estamos vivendo a alta atual de forma especulativa. A volatilidade acentuada está ligada a diversos fatores como o clima, a oferta e a demanda, mas continua favorável. Tudo indica que o preço se mantenha nesse patamar”, disse.
Gilson informou que o Brasil deve embarcar para o exterior 20% a menos da média do ano passado, caracterizando a quebra de safra. “O que aconteceu de perdas durante o processo de colheita até a armazenagem está m torno de 25% a menos do que na safra passada em determinados municípios. Na área de atuação da Cooparaiso, essa porcentagem é de 15%. Isso caracteriza bem a bianualidade do café, vista principalmente nas regiões do Cerrado, Mogiana e sul de Minas”, exemplificou.
Segundo o especialista da Cooparaiso, a quebra de café arábica deve ser de 5, 5 milhões de sacas de café.
Na Cooxupé
Na Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. (Cooxupé), a meta de recebimento é de 3.100 milhões de sacas de café e os cooperados já enviaram 2.300 milhões de sacas, de acordo com o superintendente de Operações e Comercial de Mercado Interno, Lúcio Araújo Dias. No ano passado, a Cooxupé bateu recorde superando a marca de 5 milhões de sacas recebidas.
Para ele, a falta de café no mercado é uma “questão complexa e difícil”. “A demanda para atender consumo interno e exportações é de por café é de 50 milhões de sacas por ano. Sabemos que a exportações são grandes a produção está aquém dessa necessidade”, disse.
Para agravamento da situação, de acordo com Lúcio, “não há estoques, o que vem preocupando os especialistas do setor e ao longo do tempo, as condições climáticas também não ajudaram”, pondera o superintendente.
Lúcio disse que entre a colheita e o benefício do café, a quebra foi grande, prejudicando o produtor. “A expectativa e quebra era de 30% em relação à safra passada, mas em algumas regiões ocorreu 44%”, disse.
O superintendente da Cooxupé informou que acha a previsão de 43 milhões de sacas de café para esta safra “bastante sensata”. “Chegou-se a falar em 53 milhões mas esse foi um número em que eu não confiei, acho que vai ficar mesmo nos 43 milhões de sacas”, argumentou. Desses 43 milhões, ele aponta que 30 milhões são de arábica e 13 milhões de café robusta.
Em relação aos preços, Lúcio diz que o “mercado vai ter que remunerar o produtor até termos café. E eu sempre aconselho que o produtor participe pessoalmente desse mercado, para que ele seja dono do seu negócio e não se endivide”.
Lúcio finaliza dizendo que “desconfia dos números apontados para o consumo interno, de 20 milhões de sacas de café, sempre crescendo. Acredito que esse montante está supervalorizado”.
Coffee Break