EXPORTAR CAFÉ EM CÁPSULA É EXEMPLO PARA AGREGAR VALOR E MANTER LUCROS

5 de janeiro de 2016 | Sem comentários Consumo Torrefação

O ciclo de alta das commodities chegou ao fim. Para manter a rentabilidade, o setor será obrigado a agregar mais valor à produção. O jargão econômico, que já virou clichê quando o assunto é exportação, tornou-se prioridade em algumas lavouras e indústrias do país.


O café é um dos casos mais emblemáticos nesse tema. O Brasil é o maior produtor e exportador de café verde (cru, em grãos) do mundo, mas vende pouco ao exterior o produto torrado e moído, de maior valor, que representa cerca de 10% dos embarques.


Ao mesmo tempo, o país quadruplicou as importações nos últimos cinco anos, devido às compras de café em cápsula. No ano passado, essas importações somaram US$ 60 milhões. Só neste primeiro semestre, foram US$ 36 milhões, alta de 57%.


O mesmo café que sai do Brasil em grãos com destino à Europa muitas vezes retorna ao país em cápsulas, com um valor muito superior –apropriado inteiramente pelas indústrias estrangeiras.


Algumas iniciativas, no entanto, indicam que o país pode virar o jogo. Hoje, mais de 60 empresas vendem cápsulas de café produzidas no Brasil –nesses casos, as indústrias terceirizam o encapsulamento para uma empresa especializada, europeia. Há um ano, “eram cinco ou seis”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).


A grande mudança deve acontecer em 2016, quando três grandes fábricas de cápsulas estarão em operação.


Em Montes Claros (MG), Nestlé e 3 Corações constroem unidades onde serão produzidas monodoses de café. A terceira unidade será no Espírito Santo, da Wine.com.br, empresa de comércio eletrônico de bebidas que entrou no setor neste ano, com a aquisição da suíça Mocoffee.


A expectativa é que as cápsulas não atendam apenas o mercado interno, mas sejam também exportadas.


“Com essas três fábricas, vamos iniciar um ciclo novo mais consistente de exportação de café torrado e moído”, acredita Herszkowicz.


Na exportação de café verde, também é visível o esforço para elevar a rentabilidade. No primeiro semestre, os cafés diferenciados representaram 25% do volume total exportado pelo país.


Fazem parte desse grupo grãos com qualidade superior, certificação de boas práticas de sustentabilidade e preço de venda no mínimo 25% superior à média.


Fonte: Folha de S.Paulo (Mauro Zafalon e Tatiana Freitas)

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Exportar café em cápsula é exemplo para agregar valor e manter lucros

15 de agosto de 2015 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Folha de S. Paulo

O ciclo de alta das commodities chegou ao fim. Para manter a rentabilidade, o setor será obrigado a agregar mais valor à produção. O jargão econômico, que já virou clichê quando o assunto é exportação, tornou-se prioridade em algumas lavouras e indústrias do país.


O café é um dos casos mais emblemáticos nesse tema. O Brasil é o maior produtor e exportador de café verde (cru, em grãos) do mundo, mas vende pouco ao exterior o produto torrado e moído, de maior valor, que representa cerca de 10% dos embarques.


Ao mesmo tempo, o país quadruplicou as importações nos últimos cinco anos, devido às compras de café em cápsula. No ano passado, essas importações somaram US$ 60 milhões. Só neste primeiro semestre, foram US$ 36 milhões, alta de 57%.


O mesmo café que sai do Brasil em grãos com destino à Europa muitas vezes retorna ao país em cápsulas, com um valor muito superior -apropriado inteiramente pelas indústrias estrangeiras.


Algumas iniciativas, no entanto, indicam que o país pode virar o jogo. Hoje, mais de 60 empresas vendem cápsulas de café produzidas no Brasil -nesses casos, as indústrias terceirizam o encapsulamento para uma empresa especializada, europeia. Há um ano, “eram cinco ou seis”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).


A grande mudança deve acontecer em 2016, quando três grandes fábricas de cápsulas estarão em operação.


Em Montes Claros (MG), Nestlé e 3 Corações constroem unidades onde serão produzidas monodoses de café. A terceira unidade será no Espírito Santo, da Wine.com.br, empresa de comércio eletrônico de bebidas que entrou no setor neste ano, com a aquisição da suíça Mocoffee.


A expectativa é que as cápsulas não atendam apenas o mercado interno, mas sejam também exportadas.


“Com essas três fábricas, vamos iniciar um ciclo novo mais consistente de exportação de café torrado e moído”, acredita Herszkowicz.


Na exportação de café verde, também é visível o esforço para elevar a rentabilidade. No primeiro semestre, os cafés diferenciados representaram 25% do volume total exportado pelo país.


Fazem parte desse grupo grãos com qualidade superior, certificação de boas práticas de sustentabilidade e preço de venda no mínimo 25% superior à média.


O Brasil é o maior exportador mundial de café cru, mas, segundo em consumo, importa muitas cápsulas


AO GOSTO DO FREGUÊS


Os exportadores de frango são pioneiros nesse negócio. Com cortes ao gosto do freguês, o Brasil conquistou mercados mais sofisticados, como o Japão, que aprecia o “kakugiri” (empanado feito de forma diferenciada para os japoneses) e o “middle joint”, feito de metade da asa.


Os brasileiros também ganharam espaço nos países árabes, que só compram a carne se o frango tiver sido abatido de acordo com os princípios islâmicos. Mais de 30% dos embarques de carne de frango do Brasil, maior exportador mundial, vão para a Arábia Saudita e o Japão.


Na carne suína, cortes especiais até então exclusivos da bovina -como picanha e filé mignon- ajudaram a reduzir a rejeição a essa proteína e elevaram o consumo per capita, hoje em torno de 14 quilos por ano.


Já nos bovinos, chegou a hora das “butiques”. Mais preocupado com a saúde e com a qualidade dos alimentos, o consumidor começa a trocar a quantidade por porções menores e de valor superior. Frigoríficos e varejo se aproveitam do momento com lojas especializadas e atendimento personalizado.


Alguns investem em marca, o que há pouco tempo parecia inviável para um produto “in natura”. São os casos de Friboi, da JBS, e de Bassi, que pertence à Marfrig.


Mas ainda há um longo caminho a percorrer. “O Brasil é líder na exportação de muitos produtos agrícolas, mas é o quarto maior exportador de alimentos. Precisamos agregar mais valor”, afirma Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).


“Espanha e Itália, por exemplo, produzem menos, mas exportam produtos de altíssimo valor agregado”, afirma Turra, lembrando dos famosos presuntos pata negra e de Parma.

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Exportar café em cápsula é exemplo para agregar valor e manter lucros

TATIANA FREITAS / FOLHA DE SÃO PAULO


O ciclo de alta das commodities chegou ao fim. Para manter a rentabilidade, o setor será obrigado a agregar mais valor à produção. O jargão econômico, que já virou clichê quando o assunto é exportação, tornou-se prioridade em algumas lavouras e indústrias do país.


O café é um dos casos mais emblemáticos nesse tema. O Brasil é o maior produtor e exportador de café verde (cru, em grãos) do mundo, mas vende pouco ao exterior o produto torrado e moído, de maior valor, que representa cerca de 10% dos embarques.


Ao mesmo tempo, o país quadruplicou as importações nos últimos cinco anos, devido às compras de café em cápsula. No ano passado, essas importações somaram US$ 60 milhões. Só neste primeiro semestre, foram US$ 36 milhões, alta de 57%.


O mesmo café que sai do Brasil em grãos com destino à Europa muitas vezes retorna ao país em cápsulas, com um valor muito superior –apropriado inteiramente pelas indústrias estrangeiras.


Algumas iniciativas, no entanto, indicam que o país pode virar o jogo. Hoje, mais de 60 empresas vendem cápsulas de café produzidas no Brasil –nesses casos, as indústrias terceirizam o encapsulamento para uma empresa especializada, europeia. Há um ano, “eram cinco ou seis”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).


A grande mudança deve acontecer em 2016, quando três grandes fábricas de cápsulas estarão em operação.


Em Montes Claros (MG), Nestlé e 3 Corações constroem unidades onde serão produzidas monodoses de café. A terceira unidade será no Espírito Santo, da Wine.com.br, empresa de comércio eletrônico de bebidas que entrou no setor neste ano, com a aquisição da suíça Mocoffee.


A expectativa é que as cápsulas não atendam apenas o mercado interno, mas sejam também exportadas.


“Com essas três fábricas, vamos iniciar um ciclo novo mais consistente de exportação de café torrado e moído”, acredita Herszkowicz.


Na exportação de café verde, também é visível o esforço para elevar a rentabilidade. No primeiro semestre, os cafés diferenciados representaram 25% do volume total exportado pelo país.


Fazem parte desse grupo grãos com qualidade superior, certificação de boas práticas de sustentabilidade e preço de venda no mínimo 25% superior à média.


AO GOSTO DO FREGUÊS


Os exportadores de frango são pioneiros nesse negócio. Com cortes ao gosto do freguês, o Brasil conquistou mercados mais sofisticados, como o Japão, que aprecia o “kakugiri” (empanado feito de forma diferenciada para os japoneses) e o “middle joint”, feito de metade da asa.


Os brasileiros também ganharam espaço nos países árabes, que só compram a carne se o frango tiver sido abatido de acordo com os princípios islâmicos. Mais de 30% dos embarques de carne de frango do Brasil, maior exportador mundial, vão para a Arábia Saudita e o Japão.


Na carne suína, cortes especiais até então exclusivos da bovina –como picanha e filé mignon– ajudaram a reduzir a rejeição a essa proteína e elevaram o consumo per capita, hoje em torno de 14 quilos por ano.


Já nos bovinos, chegou a hora das “butiques”. Mais preocupado com a saúde e com a qualidade dos alimentos, o consumidor começa a trocar a quantidade por porções menores e de valor superior. Frigoríficos e varejo se aproveitam do momento com lojas especializadas e atendimento personalizado.


Alguns investem em marca, o que há pouco tempo parecia inviável para um produto “in natura”. São os casos de Friboi, da JBS, e de Bassi, que pertence à Marfrig.


Mas ainda há um longo caminho a percorrer. “O Brasil é líder na exportação de muitos produtos agrícolas, mas é o quarto maior exportador de alimentos. Precisamos agregar mais valor”, afirma Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).


“Espanha e Itália, por exemplo, produzem menos, mas exportam produtos de altíssimo valor agregado”, afirma Turra, lembrando dos famosos presuntos pata negra e de Parma.

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