São Paulo, 17 – As mudanças de última hora nas regras dos leilões de opções de venda de café desagradaram os exportadores. “A cafeicultura está em processo de dar um tiro no próprio pé”, afirmou o presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé, João Antônio Lian, referindo-se à queda dos preços do produto no mercado internacional. Segundo ele, a “falta de entendimento” com relação às medidas de apoio à cafeicultura gera incerteza nos investidores e consequente queda das cotações do grão.
Lian disse que é de se estranhar que, entre as alterações no aviso de venda dos leilões, o governo tenha permitido que cooperativas possam entregar os documentos (anexo 3) do arrematante apenas na data do exercício do leilão e não mais dois dias após a realização dos pregões, regra que continuará valendo para os produtores independentes. “Por que criar dois pesos e duas medidas?”, questiona.
Ele acrescentou que o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) e a indústria torrefadora deverão encaminhar documento com essa e outras questões para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Lian comentou que ainda hoje tentará contato com secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, para compartilhar as preocupações do setor exportador.
De acordo com ele, o setor vai cobrar transparência nos leilões de opção, que teria faltado nos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), realizados em 2007. Na ocasião, os exportadores chegaram a pedir anulação dos leilões, porque as cooperativas que arremataram 90% dos prêmios repassaram a alguns de seus cooperados lotes acima do limite estabelecido de 300 sacas. Na ocasião, o Cecafé disse que o programa de 2007 “foi a maior transferência de renda que poderia ter havido na história do café, do pequeno cafeicultor em benefício do grande”.
O presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé disse ainda que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem alcançado credibilidade com levantamentos sobre a safra de café. No entanto, segundo ele, é preciso mais atenção com “barbeiragens” que possam “arranhar” a imagem da instituição. Lian fez essa afirmação se referindo às declarações do presidente da Conab, Wagner Rossi, que recentemente anunciou o estoque privado de café no Brasil. Em seus comentários, Rossi afirmou que os números poderiam estar inflados por causa da interferência de exportadores. (Tomas Okuda)