Exportador brasileiro tem US$ 11 bi no exterior

25 de novembro de 2009 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: O Estado de S. Paulo

25/11/09


Há uma nuvem de câmbio lá fora, diz Garófalo, o novo assessor da Fazenda


Adriana Chiarini, RIO


Os exportadores brasileiros têm US$ 11 bilhões no exterior, pelos cálculos apresentados por Emílio Garófalo, que este mês assumiu o cargo de assessor especial do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A cifra corresponderia à diferença entre o valor já exportado e os recursos que foram trazidos para o País. O valor citado refere-se ao fim do mês passado.


Garófalo chegou a citar US$ 13 bilhões ontem, no 29º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), mas em seguida corrigiu o número em entrevista à imprensa. “Há uma nuvem de câmbio mantida lá fora pelos exportadores. Quero entender por quê.” Ele também afirmou, na palestra a exportadores, que “há boatos de que estão voltando” as operações especulativas com derivativos pelas empresas brasileiras.


“Nada contra derivativos, mas a excessiva especulação sobre eles resultou no momento negativo que tivemos no fim do ano passado”, declarou, destacando que ainda se trata de boatos. “Não há nada confirmado”, reiterou. O economista observou que as linhas de comércio exterior se reduziram drasticamente na crise do ano passado, até mesmo porque “o sistema financeiro temia emprestar a empresas brasileiras por possível envolvimento em operações com derivativos tóxicos”, disse ele, sem citar nomes de empresas, como Sadia e Aracruz.


Especialista em câmbio há 35 anos, o novo assessor do Ministério da Fazenda explicou que sua função no governo “deve ser” preparar medidas para o câmbio. Ele deu pistas sobre sua atuação: defendeu o câmbio flutuante e a atualização de regras feitas no passado em outro contexto “e hoje ninguém sabe por que estão ali”.


Ele disse que estuda a proposta da Fiesp relacionada ao câmbio e que é prioridade o sistema em moeda local (SML), que permite comércio exterior em reais e pesos com a Argentina e será estendido a outros países vizinhos. O sistema está em funcionamento, mas com pequeno volume de negócios.


Segundo especialistas, isso ocorre porque a tributação faz o custo ficar não competitivo. “Falta financiamento em real. Vamos atacar a Receita.” Ele disse que a diferença entre a taxa de juros brasileira em real e a de outros países também prejudica o crescimento do SML.


Em sua palestra no Enaex, Garófalo criticou regras de controle de saída de câmbio. Ele pediu que o setor privado leve sugestões e queixas contra regras específicas “de forma organizada ao governo”.


O diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, disse que entre as medidas estão permitir contas em moeda estrangeira no Brasil; aumentar as reservas internacionais do País; adiantar o pagamento de dívida externa e maior atuação do fundo soberano, além do financiamento em real ao comércio exterior.


Giannetti disse que lançará no fim do ano dados sobre quantos empregos são perdidos a cada centavo de dólar que o real valoriza e declarou que os exportadores perderam R$ 80 bilhões com a queda do dólar de R$ 2,20 para R$ 1,70.


Garófalo respondeu que muito mais empregos foram perdidos com as três moratórias do Brasil nos anos 80, tentando manter câmbio fixo. Também disse que Giannetti poderia fazer a conta de quanto os exportadores ganharam quando o real se desvalorizou.


 

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