Viagens do açúcar até o exterior explodiram em abril, ante 2008
Rejane Lima
Noble Hawk, o navio de bandeira cipriota atracado no berço 19 do Porto de Santos, na tarde da quinta-feira passada, é a peça final de uma cadeia logística iniciada há muitos meses e quilômetros dali. O graneleiro de 190 metros de comprimento deixaria o cais do terminal arrendado pela Cosan na manhã de sábado, 38 horas depois, com 51.200 toneladas de açúcar brasileiro. Destino: a Índia que, com a quebra da safra açucareira no ano passado, passou de exportadora a importadora da commodity.
“No ano passado não mandei nada para a Índia, comecei este ano e estamos mandando direto para lá. Também sai muito navio para Rússia, Arábia e, eventualmente, para o Canadá”, conta o supervisor de embarque Douglas Gonçalo dos Reis.
Dois Ship Loaders (equipamentos com esteiras transportadoras) realizam o embarque do açúcar do tipo VHP (Very High Polarization), a forma mais bruta da commodity. Cada máquina é responsável pelo embarque de mil toneladas por hora, o que requer um trabalho totalmente cronometrado e a logística de tempo e espaço não se restringe ao embarque – para que um terminal portuário opere eficientemente, a cadência das cargas é essencial durante todo o processo.
Com capacidade estática para armazenar 380 mil toneladas de granel e 50 mil sacos, o terminal da Cosan é o maior operador de açúcar no Porto de Santos, porto que mais exporta a commodity no Brasil (67% de janeiro a abril). O País é líder na produção mundial.
Daí se tem uma ideia da dimensão da operação, cujo recorde foi batido no ano passado, com a chegada de 25 mil toneladas em um único dia. Atualmente, 70% da carga chega sob rodas e 30% sob trilhos. “Mas a ideia é que, até 2012, 80% venha por vagão e 20% em caminhões”, explica supervisor de operações Vinícius Alves Rosete, lembrando que no início da década a fatia do modal ferroviário se limitava a 10% do total ali movimentado. A quantidade de toneladas transportadas sob rodas oscila de 32 a 38 toneladas. Já em um vagão, a variação é entre 75 e 100 toneladas.
Após a pesagem, caminhões e vagões são direcionados para uma das 10 moegas (depósitos intermediários) conforme o tipo de açúcar que transportam. Além do VHP, o produto pode vir na especificação VHPP (Very High Polarization Plus), que teve um tratamento intermediário, ou VVHP (Very Very High Polarization), o açúcar mais puro dos três. Melhor que esse, só mesmo o açúcar refinado, pronto para consumo, cujo transporte é feito em sacaria e não a granel.
Nas moegas, o açúcar é despejado para transporte de correias em um nível subterrâneo, de onde é sugado por um sistema mecânico e levado por elevador e, depois, por esteiras, até um dos oito armazéns do terminal. De lá, o produto é levado novamente por esteiras ao navio. Esse processo pode muitas vezes ser simultâneo. Era assim que ocorria o embarque do Nobel Hawk, por exemplo. Ao mesmo tempo que o armazém 8 recebia o açúcar vindo da moega por cima, o produto era retirado por baixo.
“Dependendo da nossa necessidade, nós podemos enviar direto da moega para o navio”, explica Rosete, que há seis anos trabalhando no terminal foi promovido duas vezes e só não gosta dos dias chuvosos, quando toda a operação tem de ser interrompida. “É só chover dois dias que esse armazém aqui lota.”
Mas, pelo menos este ano, São Pedro tem sido amigo da logística portuária e as exportações de açúcar por meio do Porto de Santos cresceram 65% em relação ao mesmo período de 2008, saltando de 2,31 milhões para 3,82 milhões de toneladas. Só em abril, exportação de 1,2 milhão de toneladas trouxe um incremento de 113% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O Brasil produz e exporta açúcar o ano inteiro, porém, a maior safra está apenas começando e, de agora até novembro, quem passar pelo Porto de Santos não tem como esquecer disso. O cheirinho bom de rapadura ou azedo do açúcar derramado que fermentou pode até ser o vilão das dietas mas, com certeza, é um grande aliado contra a crise.
Viagens do açúcar até o exterior explodiram em abril, ante 2008
07/06/2009 – Noble Hawk, o navio de bandeira cipriota atracado no berço 19 do Porto de Santos, na tarde da quinta-feira passada, é a peça final de uma cadeia logística iniciada há muitos meses e quilômetros dali. O graneleiro de 190 metros de comprimento deixaria o cais do terminal arrendado pela Cosan na manhã de sábado, 38 horas depois, com 51.200 toneladas de açúcar brasileiro. Destino: a Índia que, com a quebra da safra açucareira no ano passado, passou de exportadora a importadora da commodity.
“No ano passado não mandei nada para a Índia, comecei este ano e estamos mandando direto para lá. Também sai muito navio para Rússia, Arábia e, eventualmente, para o Canadá”, conta o supervisor de embarque Douglas Gonçalo dos Reis.
Dois Ship Loaders (equipamentos com esteiras transportadoras) realizam o embarque do açúcar do tipo VHP (Very High Polarization), a forma mais bruta da commodity. Cada máquina é responsável pelo embarque de mil toneladas por hora, o que requer um trabalho totalmente cronometrado e a logística de tempo e espaço não se restringe ao embarque – para que um terminal portuário opere eficientemente, a cadência das cargas é essencial durante todo o processo.
Com capacidade estática para armazenar 380 mil toneladas de granel e 50 mil sacos, o terminal da Cosan é o maior operador de açúcar no Porto de Santos, porto que mais exporta a commodity no Brasil (67% de janeiro a abril). O País é líder na produção mundial.
Daí se tem uma ideia da dimensão da operação, cujo recorde foi batido no ano passado, com a chegada de 25 mil toneladas em um único dia. Atualmente, 70% da carga chega sob rodas e 30% sob trilhos. “Mas a ideia é que, até 2012, 80% venha por vagão e 20% em caminhões”, explica supervisor de operações Vinícius Alves Rosete, lembrando que no início da década a fatia do modal ferroviário se limitava a 10% do total ali movimentado. A quantidade de toneladas transportadas sob rodas oscila de 32 a 38 toneladas. Já em um vagão, a variação é entre 75 e 100 toneladas.
Após a pesagem, caminhões e vagões são direcionados para uma das 10 moegas (depósitos intermediários) conforme o tipo de açúcar que transportam. Além do VHP, o produto pode vir na especificação VHPP (Very High Polarization Plus), que teve um tratamento intermediário, ou VVHP (Very Very High Polarization), o açúcar mais puro dos três. Melhor que esse, só mesmo o açúcar refinado, pronto para consumo, cujo transporte é feito em sacaria e não a granel.
Nas moegas, o açúcar é despejado para transporte de correias em um nível subterrâneo, de onde é sugado por um sistema mecânico e levado por elevador e, depois, por esteiras, até um dos oito armazéns do terminal. De lá, o produto é levado novamente por esteiras ao navio. Esse processo pode muitas vezes ser simultâneo. Era assim que ocorria o embarque do Nobel Hawk, por exemplo. Ao mesmo tempo que o armazém 8 recebia o açúcar vindo da moega por cima, o produto era retirado por baixo.
“Dependendo da nossa necessidade, nós podemos enviar direto da moega para o navio”, explica Rosete, que há seis anos trabalhando no terminal foi promovido duas vezes e só não gosta dos dias chuvosos, quando toda a operação tem de ser interrompida. “É só chover dois dias que esse armazém aqui lota.”
Mas, pelo menos este ano, São Pedro tem sido amigo da logística portuária e as exportações de açúcar por meio do Porto de Santos cresceram 65% em relação ao mesmo período de 2008, saltando de 2,31 milhões para 3,82 milhões de toneladas. Só em abril, exportação de 1,2 milhão de toneladas trouxe um incremento de 113% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O Brasil produz e exporta açúcar o ano inteiro, porém, a maior safra está apenas começando e, de agora até novembro, quem passar pelo Porto de Santos não tem como esquecer disso. O cheirinho bom de rapadura ou azedo do açúcar derramado que fermentou pode até ser o vilão das dietas mas, com certeza, é um grande aliado contra a crise.