Publicação: 03/07/07
Soja lidera em receita, mas álcool foi o destaque, com vendas de US$ 699 milhões, o dobro do valor obtido no ano passado
Dez principais produtos trouxeram US$ 17,7 bi de janeiro a junho; setor deve manter receitas anuais em valor superior a US$ 50 bi
MAURO ZAFALON DA REDAÇÃO
O agronegócio brasileiro, mesmo com os problemas internos pelo real valorizado e pelo endividamento dos produtores, mantém forte ritmo nas exportações. No primeiro semestre deste ano, as receitas externas superaram em 28% as de igual período de 2006.
Apenas os dez principais produtos do setor trouxeram US$ 17,7 bilhões de janeiro a junho, contra US$ 13,8 bilhões em igual período de 2006. Nesse ritmo, o agronegócio deve manter volume superior a US$ 50 bilhões em receitas neste ano.
A soja, a líder no setor, soma US$ 3,4 bilhões, devido à concentração de vendas externas neste período do ano. Incluído o farelo, as receitas atingem US$ 4,7 bilhões. Esse é um setor que está surpreendendo, e, nos cálculos do analista Anderson Galvão, da consultoria Céleres, de Uberlândia (MG), o complexo soja (grãos, farelo e óleo) vai trazer US$ 10 bilhões para o país neste ano. Além dos preços elevados da soja em grãos em Chicago, praça formadora dos preços internacionais para o produto, Galvão destaca o avanço das exportações do óleo de soja.
O aumento de biodiesel na Europa provoca demanda maior desse produto, que é importado principalmente por Holanda, França e Alemanha, diz o analista.
Outro item de destaque nas exportações é o setor de carnes, que trouxe US$ 4,2 bilhões no primeiro semestre.
O setor de carnes ganha novos mercados, exporta produtos com maior valor agregado e tem forte crescimento em países emergentes, segundo Marcus Vinicius Pratini de Moraes, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina). O setor de carnes bovinas teve aumento de 33,5% neste ano.
Já o setor de frango, em recuperação depois de um primeiro semestre ruim em 2006, devido à gripe aviária, conseguiu superar em 44% o valor das exportações de igual período do ano passado. As carnes suínas, também em alta, tiveram aumento de 32%, números que também mostram apenas recuperação, uma vez que as exportações do ano passado tinham sido afetadas pela ocorrência da febre aftosa em outubro de 2005 em Mato Grosso do Sul. “Voltamos ao patamar de 2005”, diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (associação dos produtores e exportadores de suínos).
Líderes
Se soja e carnes se destacam em receitas, álcool e suco de laranja lideram as exportações em crescimento percentual. As receitas com álcool dobraram neste ano, subindo para US$ 699 milhões, enquanto as com suco de laranja tiveram crescimento de 88%.
Em ambos os casos, os EUA são os responsáveis pela elevação das exportações. No caso do álcool, o ritmo de substituição de gasolina pelo combustível derivado da cana cresce no mercado norte-americano.
No caso do suco de laranja, a quebra de safra na Flórida eleva os preços no mercado internacional e aumenta a procura pelo produto brasileiro.
Se o álcool dobra as receitas, o mesmo não ocorre com o açúcar bruto, um dos poucos itens a terem queda nas receitas neste ano. Já o açúcar refinado mantém evolução nas receitas, mas em ritmo menor devido à redução dos preços internacionais. Houve reposição de estoques e elevação de produção.