24/01/2013
Exportações de SP caem 4%, mas sustentam balança
Bruno Cirillo
São Paulo
Com saldo de US$ 12,49 bilhões, a balança comercial do agronegócio paulista teve resultado 2,2% inferior no ano passado, em relação a 2011, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA).
O período foi marcado pela alta da importação de bens de produção, como máquinas e insumos, e quedas averiguadas nas exportações de produtos como o café.
O setor exportou US$ 21,96 bilhões (queda de 4%) e importou US$ 9,47 bilhões (8% a menos do que no ano anterior), impedindo que o déficit na balança geral do estado, considerando todos setores econômicos, fosse maior do que US$ 18,47 bilhões.
“Comparativamente a outros segmentos, a diminuição das exportações do agronegócio paulista não é muito grande, embora tenha havido quedas significativas, por exemplo, no café”, analisa o engenheiro agrônomo Celso Vegro, que integra a equipe do IEA.
Para ele, as importações do setor, concentradas em implementos e insumos agrícolas, têm efeito positivo a longo prazo, apesar do déficit comercial. Mas, em exportações, a região fica sujeita às oscilações da economia global.
“O contexto macroeconômico afetou mais a balança paulista do que a brasileira”, afirma Vegro, sugerindo que, em São Paulo, “por ser mais desenvolvida e complexa”, a economia sofre o maior impacto do cenário internacional.
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 19,43 bilhões em 2012, com exportações de US$ 242,58 bilhões e importações de US$ 223,15 bilhões. O agronegócio, particularmente, encerrou o ano com superávit de US$ 79,4 bilhões, compensando um déficit de US$ 59,9 bilhões dos demais setores econômicos.
O sócio-diretor da consultoria Global Advisory Network, Miguel Daoud, lembra que “o Brasil exportou mais em função da quebra de safra nos Estados Unidos”. E as importações, segundo o especialista, foram antecipadas ante a perspectiva de safra recorde.
Café
Um dos produtos que apresentaram resultado comercial negativo em 2012, em São Paulo e no Brasil, foi o café. Os embarques do grão ao exterior, considerando-se todo o País, somaram 28,28 milhões de sacas, uma queda de 15,6% ante o ano anterior.
“O pessoal que encomendava dez contêiners está levando dois”, lamenta o trader da comercializadora Icatu, de São Paulo, Luciano Sampaio, que registrou perdas de volume e também de preço nas vendas de 2012.
As exportações da companhia caíram de 330.400 sacas de café, a US$ 294 por saca, em 2011, para uma relação de 206.900 e US$ 190 no ano passado. “Os importadores vêm oferecendo R$ 340 por um café pelo qual paguei R$ 325, sem contar o frete e outros custos”, reclama Sampaio.
O comerciante observa que a crise internacional, que fez encolher o mercado consumidor europeu e norte-americano, afetou a qualidade do café importado pelos maiores clientes do grão brasileiro – aos blends vem sendo acrescido maior percentual do tipo robusta, em vez do arábica, segundo Sampaio. Além disso, ele vê pressão internacional para que se rebaixe o preço do café brasileiro, com informações suspeitas a respeito de estoques.
A baixa das exportações afetou a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal), onde os estoques acumulados, a quatro meses de uma nova safra, chegam a 65.000 sacas (a capacidade total de armazenamento é para 80.000). “O mercado travou. O [norte-]americano está comprando robusta, não mais arábica. Vamos ver se melhora neste ano”, comenta o classificador da empresa, João Luís Rossatti.