24/10/2006 06:10:35 –
De uma pequena fazenda em Turmalina, na região do cerrado mineiro, para o varejo japonês. Esta é a trajetória do cafeicultor Toshiya Shimano, que não pensou que fosse tão longe quando diversificou suas atividades e fez suas apostas no café, na década de 80.
Com produção média de 15 mil sacas, Shimano começou a exportar café torrado e moído há dois anos. “Investi em uma torrefadora na própria fazenda para diversificar”, disse ao Valor. Hoje a exportação de Shimano é pequena, em torno de 3 toneladas por ano, boa parte destinada para o varejo japonês. “As exportações são feitas por meio de uma pequena distribuidora nossa no Japão”, disse.
Quando chegou ao Brasil, em 1958, Shimano trabalhou como vendedor de produtos para indústrias veterinárias. Em 1966, Shimano abriu sua empresa, a Fatec S A, especializada na fabricação de medicamentos e suplementos veterinários para aves e suínos.
“A inflação me obrigou a diversificar os negócios”, disse. Em 1987, a Fatec criou a divisão de café. À época, Shimano comprou a fazenda em Turmalina. Hoje são mil hectares plantados, com 2,5 milhões de pés de café. Ele quer dobrar a área plantada. Para exportar, Shimano criou a marca Turmalin.
A história de Shimano é parecida com a de muitos cafeicultores. Pequenos e médios produtores estão investindo em cafés especiais e em torrefadoras em suas fazendas para apostar em torrado e moído.
No Brasil, essas exportações são incipientes, mas crescentes. De janeiro a setembro, atingiram US$ 18,4 milhões, superando o total embarcado em 2005 (US$ 16,5 milhões), segundo a Associação Brasileira da Indústria do café (Abic).
Os embarques deverão somar US$ 29 milhões em 2006 (alta de 76%), segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Abic. Em 2002, foram US$ 4,4 milhões. Em volume, os embarques deverão somar 140 mil sacas de 60 quilos, ante 90 mil em 2005.
A café Bom Dia lidera a lista das torrefadoras de torrado e moído do país, seguida pela Sara Lee. (MS)