15/03/2013
Por Carine Ferreira | De São Paulo | Valor Economico
Uma nova faceta da nova realidade do mercado de café é a tendência de “desconcentração” das exportações mundiais. Os números da Organização Internacional do Café (OIC) mostram que 22 países de um universo de 50, alguns deles pouco relevantes em volumes vendidos, ampliaram seus embarques entre 2011 e 2012.
Um dos reflexos das alterações dos embarques globais, analisando o intervalo de 2011 e 2012, é o recuo de 5,6% das exportações dos tradicionais cafés “suaves” da Colômbia, enquanto outras fontes destes grãos arábicas aumentaram as vendas em 5,3%. O grupo de cafés naturais brasileiros caiu 4,3% no período ante o aumento de 24,2% dos embarques de robusta.
“O padrão de consumo vai levar a mudanças no suprimento”, afirma Guilherme Braga, do Cecafé. Brasil e Vietnã, entretanto, continuam a liderar as vendas externas. Enquanto o Vietnã, maior produtor mundial de café robusta, ganhou participação no mercado no ano passado – as vendas passaram de 17,7 milhões de sacas, em 2011, para 25,5 milhões em 2012 -, os embarques brasileiros encolheram de 33,5 milhões de sacas para 28,3 milhões.
Para Braga, as novas tendências da cafeicultura mundial ainda não foram “absorvidas” pelos agentes de mercado. Ele lembra que a oferta de robusta cresceu e poderia ter puxado os preços para baixo, o que não aconteceu, enquanto a redução no volume de arábica disponível no mercado global por causa de problemas climáticos e doenças em países produtores não teve o reflexo esperado de alta. Ao contrário: as cotações do produto na bolsa de Nova York recuaram mais de 30% ao longo do ano passado. (CF)