13/08/2010
EFE
O Brasil enfrenta dificuldades para ampliar suas exportações agrícolas para a UE (União Europeia) devido a pressões dos produtores nos países do bloco, denunciou nesta quinta-feira o ministro da Agricultura Wagner Rossi.
Apesar de ter um peso econômico menor, o setor agropecuário tem força política nos países europeus, \”onde fazem muita pressão\”, afirmou o ministro hoje, em entrevista no Rio de Janeiro.
O Brasil é um dos maiores provedores agrícolas mundiais, mas a crise econômica mundial fez com que a Europa \”apertasse o cinto\” e reduzisse sua demanda, acrescentou Rossi.
O governo brasileiro confia em que um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a UE possa colocar um fim às restrições europeias às exportações agrícolas do país.
As negociações para esse acordo foram retomadas recentemente após vários anos estagnadas, mas ainda sofrem a pressão dos produtores agrícolas brasileiros.
Com relação aos Estados Unidos, Rossi lamentou a falta de acordos que facilitem o comércio em alguns casos específicos, em referência principalmente ao etanol.
Apesar de ser mais econômico e produtivo, o etanol de cana-de-açúcar do Brasil sofre restrições no mercado americano, que produz o biocombustível a base de milho e mantém \”certo grau de protecionismo\”.
O ministro também se referiu às limitações que o setor agropecuário enfrenta como consequência da valorização do real frente ao dólar.
Segundo Rossi, apesar de \”ganhar em produção, o Brasil perde na comercialização internacional\” pela valorização de sua moeda frente ao dólar.
O Brasil exportou US$ 68 bilhões em produtos agropecuários entre julho do ano passado e junho de 2010, número que não chega a bater o recorde de 2008 (julho de 2007 e junho de 2008), com US$ 71,9 bilhões.
\”O clima e o preço de produtos como o café e a soja são fatores que não podemos controlar, mas em um ano normal nós passaríamos esse recorde de exportação\”, explicou Rossi.
A agropecuária constitui 26% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e 42% de suas exportações, que têm 215 países como destino.
O ministro destacou igualmente que a agropecuária brasileira e o respeito ao meio ambiente não são incompatíveis e que \”o Brasil é o único país que tem as condições de duplicar a produção agrícola sem cortar uma árvore\”.
O país investiu R$ 2 bilhões na criação do programa de ABC (Agricultura de Baixo Carbono), dirigido a recuperar terras rurais degradadas e a integrar a agricultura e as áreas florestais.
Além disso, Rossi enfatizou a necessidade de apoiar a agricultura familiar, já que \”uma porcentagem dessa produção em pequena escala contribui consideravelmente na agricultura do país, sobretudo no norte\”.
\”A complementação entre os dois tipos de agricultura (familiar e empresarial) permitiu uma redução dos problemas sociais (em zonas rurais)\”, comentou.