02/04/2014
Minérios, soja, carnes e café garantem superávit ao Brasil em março, mas rombo no ano é de US$ 6,1 bilhões
São Paulo – A balança de comércio do Brasil com o exterior voltou ao saldo positivo em março, depois de dois meses de resultados negativos, embora tenha sido apurado um tímido superávit de US$ 112 milhões, diferença entre as exportações de US$ 17,628 bilhões e as importações de US$ 17,516 bilhões. Trata-se do menor saldo desde 2001. De acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no primeiro trimestre o país amargou déficit comercial, na comparação com idêntico período de 2013, de US$ 6,072 bilhões.
O rombo bateu o recorde para o primeiro trimestre da série apurada desde 1994. As importações somaram US$ 55,660 bilhões, ao passo que as vendas externas brasileiras registraram US$ 49,588 bilhões. A perda superou em 17% o saldo negativo acumulado de janeiro de março do ano passado, de US$ 5,2 bilhões, que já havia sido recorde. Em 2013, a justificativa do governo foi de que o déficit refletiu o registro em atraso de operações de compra de combustível pela Petrobras, efeito que inflou o resultado da balança comercial, o que não ocorreu neste ano.
Em março, as vendas externas de produtos básicos cresceram 9,5%, frente ao mesmo período do ano passado, puxadas por bovinos vivos, minério de cobre, soja em grão, farelo de soja, carnes suína e bovina, café em grão e minério de ferro. Quando considerado o conjunto das exportações, houve queda de 4% ante 2013. Entre os manufaturados, o recuo foi de 15,3%, influenciado por óleos combustíveis, açúcar refinado, motores e geradores elétricos, autopeças e motores para veículos e partes.
Ainda na análise mensal do comércio exterior, as importações diminuíram 3,8%, com base na média diária. O diretor do Departamento de Estatística e Apoio ao Comércio Exterior do Mdic, Roberto Dantas, enfatizou a redução do déficit da chamada conta-petróleo no primeiro trimestre, que atingiu US$ 4,548 bilhões, ante US$ 5,810 bilhões no mesmo período de 2013. A conta-petróleo corresponde a 75% de todo o saldo negativo da balança comercial. Dantas disse que deve haver uma redução significativa na perda do indicador a partir do segundo semestre, devido ao aumento da produção nacional de petróleo e ao crescimento das exportações. Isso deverá favorecer a balança comercial na obtenção de um saldo positivo em 2014.
Do ponto de vista da distribuição das exportações brasileiras, caiu 11% em março o comércio com a Argentina, terceiro maior parceiro do Brasil e principal destino dos produtos manufaturados. Para a Ásia, houve um aumento de 16,5% e, somente para a China, uma alta de 22,8%. As exportações brasileiras para os Estados Unidos aumentaram 11,8% em março, perante o mesmo mês de 2013.
Na mão inversa de comércio com o exterior, o país pôs um freio nas compras de bens de capital (máquinas e equipamentos), que recuaram 2,8%, influenciadas por máquinas industriais, equipamento móvel de transporte e máquinas e aparelhos de escritório e serviço científico. As importações de bens de consumo cresceram 1,6% em relação a março de 2013 e as de matérias-primas, 1,4%.