23/12/2009 – As exportações de milho do Brasil crescerão mais de 10 por cento neste ano em relação a 2008, superando 7 milhões de toneladas, e começarão 2010 embaladas
Até meados deste mês, o Brasil havia exportado em dezembro 635 mil toneladas, segundo traders. Isso resulta em um volume exportado no acumulado do ano de 7,13 milhões de toneladas, contra 6,36 milhões de toneladas entre janeiro e dezembro do ano passado.As exportações em 2009 foram fortemente baseadas nos programas de subvenção ao frete interno promovidos pelo governo.
Mercado – Se dependessem apenas das condições de mercado, com um câmbio desfavorável em boa parte da temporada, as vendas externas estariam praticamente inviabilizadas, observaram as fontes. “E vamos ter um bom embarque em janeiro de 2010, tem muita coisa do PEP (um dos programas de subvenção ao frete) para ser embarcada ainda… Acho que janeiro vai dar quase 1 milhão de toneladas”, afirmou um trader de uma multinacional que prefere ficar no anonimato.
Leilões – Por meio de programas como o PEP, o governo do Brasil concedeu aos compradores de contratos em leilões cerca de 66 reais por tonelada em média como subsídio ao transporte –para receber os recursos, os adquirentes de contratos são obrigados a pagar o preço mínimo aos produtores, além de comprovar o escoamento do grão para fora da região produtora. Os programas de apoio ao frete, que segundo o governo têm amparo legal dentro das regras da Organização Mundial de Comércio, visam dar sustentação aos preços internos, que este ano estiveram cambaleantes. Com isso, o governo elevou a ajuda. O PEP (Prêmio para o Escoamento do Produto) foi fundamental para enxugar o mercado de Mato Grosso, que colheu uma safra recorde em 2009, superior a 8,5 milhões de toneladas, de acordo com dados do Imea, órgão ligado aos produtores.
Mais da metade – Do total exportado pelo Brasil em 2009, o Mato Grosso forneceu mais da metade, ou cerca de 4 milhões de toneladas até novembro, acrescentou em recente relatório o Imea. “Rolou bem a exportação este ano, mas é tudo mais Mato Grosso, é por causa dos leilões”, disse um corretor com sede no Paraná. “O Paraná quase não fez (exportou) nada.” O corretor paranaense, que também não quer ser identificado, acredita que as exportações fecharão este ano em torno de 7 milhões. “Escou porque o governo entrou com os leilões especiais para exportação, não fosse isso estaríamos entupidos de milho no Brasil.” Até novembro, os principais mercados para o milho do Brasil foram: Irã (com importação de 1,45 milhão de toneladas); Colômbia (700 mil toneladas); Malásia (650 mil toneladas); Arábia Saudita (470 mil toneladas) e Taiwan (440 mil toneladas), segundo dados compilados pela primeira fonte.
Receita para exportar – Segundo o trader, o Brasil terminará 2009 entre os três maiores exportadores de milho do mundo (atrás de Estados Unidos e União Europeia), possivelmente superando a Argentina, cuja safra 2008/09 caiu quase pela metade por severa seca. Mas o Brasil, que consome 85 por cento da produção do cereal internamente, com a sua forte indústria de carnes, tem potencial para exportar mais, afirmou Sérgio Mendes, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).”Primeiro, precisamos melhorar a produtividade média do país, já há em diversos lugares do Brasil produtividades três vezes superiores à média”, disse Mendes, defendendo também que o Brasil utilize mais a navegação fluvial para o escoamento da produção, também com o objetivo de ganhar competitividade. Atualmente, a maior parte do milho é exportada pelos portos do Sul e Sudeste, ao passo que o melhor caminho seria exportar pelo Norte, disse Mendes.