02/12/2006 08:12:38 –
O Brasil acaba de finalizar seu sistema de estatísticas para quantificar a exportação de produtos orgânicos. Desde agosto, os empresários brasileiros já podem classificar voluntariamente os itens orgânicos exportados por meio do sistema Siscomex – o primeiro passo para que o país possa mensurar e avaliar a produção nacional, bem como criar políticas de incentivo ao setor.
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, responsável pela implantação do sistema, já enviou comunicado aos empresários informando da criação de um campo específico a ser preenchido no registro de exportação. Em apenas dois meses, quase US$ 1 milhão em produtos orgânicos exportados já foram identificados, entre os quais açúcar, fécula de mandioca, cogumelos, filés de tilápias e café em grão. Esses itens foram vendidos para Estados Unidos, Holanda, Japão, Itália e Austrália.
Esta mensuração foi possível graças à publicação, pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), no dia 8 de junho, da Resolução Camex nº 13, que criou uma classificação especial para produtos orgânicos dentro do Siscomex. O objetivo foi permitir a verificação do tamanho real deste mercado, para onde exporta, principais produtos, entre outros, ao mesmo tempo em que mostra ao mercado mundial que o Brasil é um dos principais players do setor.
Segundo Mário Mugnaini Jr, secretário executivo da Camex, a medida é fruto das reuniões bilaterais do Grupo de Agronegócio Brasil-Alemanha. Este país – que possui um mercado interno de 4 milhões de euros para produtos orgânicos – é sede da maior feira de orgânicos do mundo, a Biofach, e na sua edição de 2005 o Brasil foi o país-tema da feira. Apesar disso, nenhum órgão privado ou governamental sabia estimar o potencial de produção e exportação brasileiro no setor.
De acordo com Mugnaini, juntamente com a Receita Federal, o Ministério da Agricultura e a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério, a Camex criou um “campo” (código 80180 no Registro de Exportação) dentro do Siscomex, no qual o próprio exportador classifica seu produto como orgânico. A Secex já produziu um comunicado no sistema para alertar os exportadores a esse respeito, já que a classificação é voluntária.
Segundo Mugnaini, as estatísticas vão permitir também o controle da produção de orgânicos por parte das empresas certificadoras. “Se uma entidade certifica três empresas para exportar mel orgânico, por exemplo, e no Siscomex aparece cinco exportando, nós podemos emitir um alerta”, informa Mugnaini, lembrando que a ferramenta será importante para o controle de fraudes.
Biofach América Latina
A Biofach América Latina acontece este ano em São Paulo, no Transamérica Expocenter, depois de três edições no Rio de Janeiro. A feira deve receber 300 expositores de 12 países. A estimativa dos organizadores do evento, que vai até a próxima sexta-feira (27/10), é de que sejam gerados negócios da ordem de R$ 60 milhões durante toda a feira.
O Ministério do Desenvolvimento participa da feira com o projeto Organics do Brasil, uma parceria da APEX-Brasil (Agência de Promoção de Exportações do Brasil) com o IPD (Instituto Paraná de Orgânicos). O projeto está trazendo oito compradores internacionais para a Biofach América Latina, que terão reuniões de negócios com cerca de 30 empresas brasileiras do setor.
Além da vinda dos estrangeiros, a APEX-Brasil irá realizar seminário durante a Biofach América Latina, com o objetivo de atrair investimentos para produção e formação de joint ventures entre investidores nacionais e estrangeiros. O seminário irá apresentar o potencial brasileiro consolidando a estratégia de posicionar o Brasil na liderança do setor no mercado internacional. O público – de 100 a 200 pessoas – será formado por dirigentes de empresas, representantes de órgãos de governo, formadores de opinião e jornalistas especializados. Foram convidados três palestrantes estrangeiros (Europa, Estados Unidos e Japão) e dois produtores nacionais, além de representantes do governo.
Fonte: MDIC