Exportação de café do Brasil deve cair pelo 2º ano seguido em 2017 com crise do robusta

O problema é basicamente o conilon (robusta), estávamos exportando 4 milhões de sacas e isso vai desaparecer

9 de fevereiro de 2017 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Por Roberto Samora


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GUAXUPÉ, Minas Gerais (Reuters) – A exportação de café do Brasil em 2017 deverá recuar em 2017 pelo segundo ano consecutivo, com os embarques do maior produtor e exportador da commodity sendo atingidos novamente por uma escassez do grão do tipo robusta, afirmaram nesta quinta-feira representantes do Conselho dos Exportadores de Café do país (Cecafé) e da Cooxupé, a principal cooperativa e líder no ranking das vendas externas.


O Cecafé estimou nesta quinta, preliminarmente, os embarques do país neste ano em 32 milhões de sacas de 60 kg, volume que considera o produto verde e industrializado, uma queda de cerca de 2 milhões ante 2016 e distante do recorde de cerca de 37 milhões de 2015.


“O problema é basicamente o conilon (robusta), estávamos exportando 4 milhões de sacas e isso vai desaparecer”, explicou à Reuters o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, após participar de encontro com jornalistas na feira de máquinas e insumos Femagri, realizada em Guaxupé (MG), coração da região produtora de arábica.


A escassez do robusta, que chegou até a gerar um forte movimento pró-liberação de importações avaliado pelo governo, tem um outro fator negativo para as exportações, além da redução de embarques do produto propriamente dita.


A questão tem relação com o uso de mais café arábica no mercado interno para suprir a baixa oferta de robusta, grão bastante utilizado pela indústria de café solúvel e em blends das torrefadoras.


Esses blends, que normalmente recebem dos dois tipos de grão, agora estão sendo compostos por uma maior parcela de arábica de menor qualidade, em substituição ao robusta que era utilizado.


“A diferença (da exportação menor) está exatamente no conilon. Está no fato de o consumo interno de conilon estar sendo suprido pelo arábica”, ressaltou o superintendente comercial da Cooxupé, Lúcio Dias.


“Quase todos os exportadores venderam muito café para o consumo interno. O consumo interno está tirando arábica da exportação”, disse.


O Brasil, além de maior exportador global, é o segundo consumidor, atrás dos Estados Unidos.


O superintendente comercial da Cooxupé disse ainda que a cooperativa não tem conseguido atender diversos pedidos de exportação devido à dificuldade de originação de determinados tipos do produto.


Ele reforçou também que essa situação deve continuar ao longo deste ano, uma vez que a produção de conilon ainda não se recuperou e os estoques desse tipo de grão são baixos.


MENOS CAFÉ VERDE


Segundo o Cecafé, as exportações de café verde do Brasil deverão somar entre 27 milhões e 28 milhões neste ano, um recuo de cerca de 2 milhões de sacas ante 2016


Os embarques serão dominados pela variedade arábica, uma vez que o país colheu uma safra recorde em 2016, em contraste com uma quebra expressiva da produtividade do robusta, afetado por seca no Espírito Santo e Bahia.


O país colheu 51,37 milhões de sacas no ano passado (arábica e robusta), mas a safra de robusta caiu quase 30 por cento ante 2015, para cerca de 8 milhões de sacas.


EFEITO PARA IMPORTADORES


Com embarques menores do Brasil, disse o superintendente comercial da Cooxupé, os importadores e países consumidores deverão ver reduzidos seus estoques.


Ele lembrou ainda que a safra deste ano deverá cair ante 2016, principalmente porque os cafezais sofrerão com a bianualidade negativa do arábica.


Por outro lado, é provável que essa redução de embarques crie janelas de oportunidade para gigantes do setor, como a própria Cooxupé, que tem melhor estrutura para lidar com uma situação de escassez.


A própria Cooxupé projeta embarques maiores em 2017 ante 2016, prevendo utilizar estoques da safra passada.


Questionado sobre o assunto, Dias disse que a cooperativa tem um modelo diferenciado de negócios, aproveitando em geral anos de baixa na bianualidade para exportar mais e tirar vantagem eventualmente de preços melhores.


Mas reafirmou ele que espera que, no geral, os embarques brasileiros sejam reduzidos este ano.


O mercado não espera uma safra de baixa tão ruim em 2017, e a colheita que começa entre maio e junho tende a ajudar a aliviar a escassez este ano, pontuou o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino da Costa, postergando uma eventual nova crise de oferta para 2018.


Questionado pela Reuters se um eventual rali de preços poderia estimular produtores a raspar seus estoques, evitando assim uma queda na exportação neste ano, Costa afirmou em tom de brincadeira: “Em parte você tem razão, porque café dá cria às vezes”.


Já Matos, do Cecafé, disse ainda que, sendo otimista e considerando que os preços mais altos poderiam estimular vendas de estoques, a exportação total brasileira (incluindo industrializado) poderia chegar a 33 milhões de sacas em 2017.


Ponderou também que é um ano difícil de ser previsto e por isso é preciso acompanhar os embarques mês a mês.


Fonte: Reuters

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