Exportação de café deve render US$ 3 bi

Perspectivas são boas para 2006; no ano passado, país representou 30% dos embarques globais

3 de janeiro de 2006 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Valor por Mônica Scaramuzzo De São Paulo









Apesar da alta volatilidade dos preços do café no mercado internacional ao longo do ano passado, a cafeicultura fecha 2005 com um balanço positivo e deverá colher bons resultados também em 2006. O cenário de oferta ajustada continuará neste novo ano, mesmo com a recuperação da produção dos principais países produtores, como Brasil e Vietnã, os dois maiores exportadores e produtores globais.

De acordo com estimativa do Cecafé (que reúne os exportadores), o Brasil termina 2005 com embarques de 26,2 milhões de sacas de 60 quilos de café em grãos, volume 1,5% menor que no ano anterior. A receita com as vendas externas cresceu em 2005, reflexo da recuperação dos preços da commodity, e está estimada em US$ 2,9 bilhões, 44% superior a 2004. Para este ano, as projeções preliminares indicam que os volumes de exportação devem ficar entre 26 milhões e 26,5 milhões de sacas, com uma receita de US$ 3 bilhões.

Embora ainda incipientes, os embarques de café torrado e moído também registraram significante crescimento ano passado. A receita com exportações deste segmento deverá ficar em torno de US$ 15 milhões, 81% acima de 2004, com um volume de embarques projetado em 3,7 mil toneladas, segundo a Abic (que reúne as indústrias de café).

“Este foi um ano [2005] muito difícil de se trabalhar. Houve muita inconstância no mercado internacional, não só pelos preços, mas pelo fluxo irregular de matéria-prima”, observou Guilherme Braga, diretor-executivo do Cecafé. O dólar desvalorizado em relação ao real, sobretudo a partir do segundo semestre de 2005, período de maior pico de embarques dos grãos, também criou um clima de instabilidade entre os exportadores.

A expectativa é de que os estoques de passagem menores no mercado internacional – por conta da redução dos estoques dos países importadores – ainda sirvam de suporte para os preços internacionais da commodity, que deverão se manter acima ou em torno de US$ 1 por libra-peso, segundo Braga, do Cecafé. No acumulado de 2005, os preços internacionais do grão subiram 3,11% na bolsa de Nova York. No mercado interno, o café teve queda de 7,01% para o mesmo período, com a saca de 60 quilos cotada a R$ 267,40 em 29 dezembro passado, segundo o índice Cepea/Esalq.

O Brasil deverá colher na safra 2006/07, a partir de março de 2006, uma produção de café entre 40,4 milhões e 43,6 milhões de sacas de 60 quilos, volume até 32% maior que a do atual ciclo, 2005/06, segundo o primeiro levantamento de safra feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O mercado estima volumes superiores a 45 milhões de sacas. Segundo Braga, apesar dos maiores volumes, os estoques de passagem mundial ainda estão pequenos.

Mesmo com a menor produção brasileira, por conta da bianualidade do ciclo (período intercalado por alta e baixa produtividade), o Brasil conseguiu aumentar seu market share no mercado internacional em 2005. Segundo Braga, o país encerrou 2005 com fatia de 30%, dois pontos percentuais acima do ano anterior. Os principais concorrentes, Vietnã e Colômbia, ficaram com 14% e 11,5%, respectivamente.

“Se analisarmos os números da Conab e os estoques privados de café, que estão curtos, a situação para 2006 mostra que a oferta continuará apertada”, disse Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP).

Segundo Carvalhaes, o consumo de café no mercado doméstico se mantém firme, com perspectivas de crescimento. Para 2005, a projeção de consumo no mercado interno é de 15,8 milhões de sacas. Deverá superar os 16 milhões de sacas este ano, segundo levantamento da Abic.

A situação de oferta e demanda no Brasil nunca esteve tão justa. O governo brasileiro deverá registrar um dos menores estoques de passagem de café das últimas décadas, em torno de 4,5 milhões de sacas, dos quais 3,6 milhões são de café de safras mais antigas, da década de 80.

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